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Ex-secretário liga Teixeira a amistoso

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Ex-servidor diz que cartola foi a reuniões sobre partida suspeita

FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

Depoimentos colhidos na investigação de desvio de dinheiro no amistoso Brasil x Portugal, em 2008, colocam o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no centro do caso, com "interesse pessoal" na partida suspeita.

Como a Folha revelou, Teixeira é ligado à Ailanto, acusada pelo Ministério Público de desviar dinheiro para organizar o jogo de R$ 9 milhões. Uma sócia da empresa emitiu cheques nominais a Teixeira meses após o jogo, num contrato para arrendar uma fazenda por R$ 600 mil.

Os depoimentos dos servidores da Secretaria de Esporte do governo do Distrito Federal, que participaram da negociação com a Ailanto, contrariam a versão de Teixeira, que sustenta que a CBF não organizou a partida, cujos direitos de organização haviam sido terceirizados.

À Polícia Civil e ao Ministério Público o então secretário de Esporte, Aguinaldo de Jesus, afirma que o cartola "teria interesse pessoal na realização do espetáculo amistoso, tendo em vista que participou da maioria das reuniões na residência oficial" para tratar do tema.

Segundo Aguinaldo, o cartola chegou a sobrevoar as obras do estádio Bezerrão com Sandro Rosell, dono da Ailanto e amigo de Teixeira.

A assessoria de Ricardo Teixeira nega o "interesse pessoal" e diz que o cartola apenas participou de reuniões institucionais. Afirma que não sobrevoou o estádio com o dono da Ailanto -teria havido um voo com membros da Fifa para vistoriar a arena.

O então secretário contou aos investigadores que Teixeira estava presente desde a primeira reunião, dois meses antes da partida. O subsecretário à época, Herbert Félix, disse que "já estava tudo acertado" em relação ao jogo desde o primeiro encontro.

No depoimento, Aguinaldo contou que "estranhou" o valor acordado para o evento e chegou a se posicionar conta o jogo. Em resposta, diz ter recebido como sugestão se afastar do governo.

Os depoimentos mostram ainda que, além da participação de Teixeira, o dono da Ailanto pressionou o governo para liberar a verba antes do jogo. A secretaria queria liberar a segunda metade do pagamento só após a prestação de contas, o que não ocorreu.

TELEVISÃO

O depoimento de José Landim Rosa, servidor responsável por fiscalizar o contrato da secretaria, mostra como o problema com as contas da Ailanto surgiram no início da organização do evento.

"Esse contrato foi o de maior valor e o mais fácil, pois nem precisaria ter ido pessoalmente ao jogo para atestar sua execução, bastaria o acompanhamento pela televisão", disse.

Segundo o depoimento, não houve a fiscalização de bilheteria e do gasto com hospedagem, justamente as despesas sobre as quais recaem suspeitas de desvios.

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