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Los gringos - Paul Doyle

Excêntricos

Os homens se comportam de forma excêntrica quando se tornam técnicos da seleção inglesa

Stuart Pearce é tão assustador que até sua cabeça parece um punho cerrado. Mas há a suspeita de que, quando ele dirigir a Inglaterra ante a Holanda, amanhã, estará vestido de ursinho de pelúcia. Os homens se comportam de forma excêntrica quando viram técnicos da seleção da Inglaterra.

De Alf Ramsey, que mudou de sotaque a ponto de começar a falar igualzinho à rainha depois de assumir o posto, em 1963, até Steve McLaren, que pintou seus dentes de um branco brilhante ao assumir a seleção em 2006, os técnicos da Inglaterra sempre mantiveram um relacionamento incerto com a lógica. Fabio Capello não era exceção: após passar anos insistindo em que pouco importava que jogador usasse a faixa de capitão e que os ingleses eram obcecados com o assunto, Capello se demitiu da seleção em protesto por não poder manter John Terry como capitão. Mais tarde, alegou que tudo não havia passado de um mal-entendido -a expressão que muita gente emprega para definir os quatro anos dele na seleção.

Pearce disse que não queria substituir Capello e que lhe faltava experiência. Mas, assim que a federação o convidou, disse que gostaria de ir à Euro. Mas, não importa o resultado amanhã, não vai conseguir o posto porque estava certo da primeira vez: falta-lhe experiência. Harry Redknapp continua a ser o favorito. E não admira: Redknapp parece ter subitamente se tornado um praticante do absurdo.

Redknapp descobriu uma maneira de fazer algo que os rivais do Tottenham vêm tentando há muito sem sucesso: neutralizar Gareth Bale. O galês vinha devastando defesas pela ala esquerda, deixando um rastro de zagueiros desorientados. Mas, recentemente, Redknapp tirou Bale da esquerda e o posicionou como um estranho coringa que o vê jogar mais pelo centro, onde ele ocupa o espaço do jogador que até agora vinha criando as jogadas do Tottenham, Luka Modric, ou pela direita, de onde seus cruzamentos são muito menos mortíferos do que os que faz da esquerda. Com Aaron Lennon muitas vezes deixado no banco, o Tottenham subitamente concentra seu jogo pelo meio.

E, por isso, Theo Walcott, um jogador muito inferior a Bale, ficou livre para conduzir o Arsenal a uma vitória por 5 a 2 ante o burocrático Tottenham. Não existe explicação óbvia para a mudança tática de Redknapp, mas não devemos esquecer que a probabilidade de que seja indicado para a seleção inglesa pode tê-lo levado a inventar demais.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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