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Futebol naufraga com economia

GRÉCIA
País tem salários atrasados há um ano, rodada adiada e clubes suspensos pela Uefa

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Os salários estão atrasados. Dois dos maiores clubes, suspensos. Mercado frio e debandada enfraquecem o campeonato. E a disputa pelo pouco dinheiro existente provoca o adiamento de uma rodada completa de jogos.

O futebol grego naufragou junto com a economia do país, protagonista da crise que se abateu sobre a Europa.

AEK Atenas e Panathinaikos, dois dos três clubes campeões nacionais nos últimos 23 anos, estão preventivamente suspensos pela Uefa.

Se não quitarem suas dívidas até o dia 31 de março, serão impedidos de participarem de torneios europeus.

"Estamos há praticamente um ano sem receber. Eles dizem que estão se esforçando para colocar as coisas em ordem. Mas, em um momento como esse, é difícil até prometer alguma coisa", relata o meia Roger Guerreiro, ex-Corinthians, hoje no AEK.

Os atrasos vão além dos clubes ameaçados. Eles se espalham por todo o país.

O meia Chumbinho deixou o OFI Creta no fim do ano com quatro meses a receber. No Levadiakos, o primeiro salário chegou em dia. Mas nada indica que esse será o padrão.

"Meus companheiros acabaram de receber [o salário de] outubro. Já tive que pagar muitos juros nas minhas contas por causa da situação da Grécia. Meu empresário me ajudou bastante", diz o meia.

A derrocada financeira já se reflete na queda do nível técnico. Em relação a 2008/09, os gastos com reforços caíram 74,8%. E, pela segunda vez em 12 anos, os clubes arrecadaram mais do que gastaram com transferências.

Atrações da liga, como os franceses Cissé e Govou, o dinamarquês Rommedahl e os espanhóis Riera e Luis García abandonaram o barco. E quem ficou, mesmo com os salários em dia, está louco para pegar esse caminho.

"Se eu soubesse que chegaríamos a essa situação, teria ficado em Portugal", diz o lateral e meia Lino, que passou por Acadêmica e Porto antes de chegar ao PAOK.

A política de austeridade para tentar diminuir a dívida grega, equivalente a 160% do PIB, inclui o aumento dos impostos sobre os contratos dos jogadores: de 23% para 45%.

A nova lei, que também dá a uma comissão ligada ao governo poder de fiscalizar e punir clubes por suas situações financeiras, provocou ameaças da Fifa (que não aceita intervenção estatal nas suas afiliadas) e o adiamento da rodada do último fim de semana da primeira divisão.

Além da polêmica regulamentação, a liga dos clubes pede a liberação do patrocínio de uma estatal de apostas que foi congelado devido a episódios de violência.

Dinheiro, que, segundo os times, seria fundamental para impedir que o futebol se afunde de vez em meio ao caos econômico da Grécia.

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