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Sem Teixeira, poder será dividido

RENÚNCIA
Marin tocará CBF; Andres Sanchez, a seleção, e Ronaldo, o comitê do Mundial

MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

O poder no (e do) futebol brasileiro não está mais concentrado numa só pessoa.

A saída de Ricardo Teixeira da presidência CBF e do COL significa a descentralização das tomadas de decisão relativas à modalidade e à Copa do Mundo de 2014.

José Maria Marin, 79, desde ontem é o presidente da CBF, responsável pela organização do Campeonato Brasileiro (Séries A, B, C e D), da Copa do Brasil e do contato com as federações estaduais.

No papel, é também o presidente do Comitê Organizador Local do Mundial de 2014.

O contrato do COL define que 99,99% da participação societária pertence à CBF e 0,01% ao presidente da CBF.

Mas, na prática, pelo menos num primeiro momento, as decisões do COL ficarão nas mãos de Ronaldo Nazário e de funcionários da entidade, como o diretor de operações Ricardo Trade e a diretora-executiva Joana Havelange, filha de Teixeira.

O ex-jogador foi nomeado por Teixeira para o Conselho de Administração do COL no final do ano passado.

A escolha de Ronaldo já fazia parte do plano de fuga de Teixeira. O Fenômeno não vai se desligar de sua agência de publicidade, que tem entre os clientes uma empresa interessada em fornecer assentos para estádios da Copa-14, como a Folha revelou.

Andres Sanchez também ganha autonomia. O ex-presidente do Corinthians vai tocar o dia a dia da seleção brasileira. Caberá a Andres tratar de datas, locais e até cachês dos amistosos da seleção, por exemplo. Esse tipo de negociação era tocada pessoalmente por Teixeira.

Interlocutores do ex-presidente da CBF afirmam que o maior erro do cartola foi centralizar decisões importantes.

A avaliação é que Teixeira poderia continuar eternamente na CBF se assim desejasse. Tinha poder para controlar insatisfações de clubes e federações estaduais.

A situação mudou quando quis tomar conta do COL. Teve que lidar com entidades mais poderosas -governo federal e Fifa- e se desgastou.

Seu substituto mostrou não querer centralizar nada.

Avisou para funcionários da CBF e presidentes de federações que vai delegar poderes. Comunicou que manterá todos os diretores da CBF e que estes terão autonomia.

Decisões importantes não serão tomadas sem a concordância das federações.

Apesar do discurso "democrático", é evidente a influência de Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, sobre Marin.

Ontem à tarde, horas após a reunião que selou a saída de Teixeira, Del Nero despachava com Marin e funcionários da CBF na sede da entidade, no Rio. Haverá disputa pelo cargo de secretário-geral, ora ocupado por Julio Cesar Avelleda, que substituiu Marco Antonio Teixeira.

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