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Análise

Quando tentou ser maior do que é, cartola naufragou

PAULO COBOS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Ricardo Teixeira sobreviveu 22 anos na CBF como um mestre da política miúda, rasteira, do mundo do futebol. A partir do ano passado, no 23º ano, resolveu querer ser maior do que sempre foi, naufragou e teve que renunciar.

Primeiro, meteu os pés pelas mãos ao querer influir na última eleição para a presidência da Fifa, que sonhava assumir depois da Copa do Mundo de 2014.

Acostumado a ganhar eleições na CBF tratando com presidentes de federações e clubes pendurados financeiramente na entidade, Teixeira articulou a favor do qatariano Bin Hammam contra Joseph Blatter. Perdeu a aposta e viu o todo-poderoso presidente da Fifa, seu aliado por décadas, voltar-se contra ele.

Depois, o recluso Teixeira resolveu se expor como nunca antes em um perfil publicado pela revista "piauí", estratégia trágica para o cartola, traçada pelo mesmo assessor de imprensa que conseguiu abrandar a rejeição ao dirigente, com ideias como o amistoso da seleção brasileira no Haiti, em 2004.

Ao dizer que "cagava de montão" para denúncias contra ele e debochar de instituições e da imprensa ("Só me preocupo com o que sai no 'Jornal Nacional'", foi uma de suas frases), despertou ressentimentos que pareciam adormecidos. Por fim, ao querer mandar ao mesmo tempo na CBF e no comitê organizador da Copa, demonstrou incapacidade para a tarefa.

Ao nomear a filha e velhos conhecidos para o núcleo duro do comitê, tornou vazio o discurso de profissionalismo que tentou vender para a organização do Mundial.

O cartola também falhou ao tentar conseguir a mesma intimidade que tinha nos tempos de Lula em um Palácio do Planalto com Dilma.

Sua fama de todo-poderoso no Congresso também ficou em xeque ao ser incapaz de apressar a votação da Lei Geral da Copa na Câmara.

Ao mesmo tempo em que via afundar seu projeto de poder na Fifa e seu cacife na organização do Mundial, ele ainda viu a seleção, depois de dois fracassos em Copas, viver com Mano Menezes sua pior fase técnica em anos.

Muita coisa para quem chegou à CBF tendo como principal -na prática, a única- credencial o fato de ser genro de João Havelange.

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