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Marin

À frente da federação paulista, cartola politizou entidade, admitiu virada de mesa, atacou Globo viu fracassos de clubes do Estado

PAULO COBOS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Os seis anos da presidência de José Maria Marin na Federação Paulista de Futebol, entre 1982 e o início de 1988, não servem como retrospecto para a gestão do cartola na CBF, iniciada na segunda.

Enquanto ele mandava no futebol do Estado mais rico do país, os clubes paulistas só ganharam um Campeonato Brasileiro, o de 1986, com o São Paulo, e nunca passaram da primeira fase de uma edição da Taça Libertadores.

Mais do que pela precariedade técnica, o período é lembrado pelo caos que virou o futebol paulista sob o comando do cartola. A começar pela politização da federação.

Marin foi eleito e assumiu enquanto era vice-governador do Estado -logo depois virou governador na vaga de Paulo Maluf, que renunciou para se candidatar a deputado federal. Ambos foram indicados pelo regime militar.

Sua sucessão também não escapou do viés político. A escolha de Eduardo José Farah foi feita de comum acordo com Orestes Quércia para manter a parceria que o PFL, partido de Marin à época, e o PMDB, agremiação do então governador, tinham na Assembleia Legislativa de SP.

O agora presidente da CBF também não honrou regulamento do principal torneio organizado pela federação.

Em 1987, o regulamento previa que quatro clubes fossem rebaixados no Paulista.

No primeiro turno, o Corinthians ficou na lanterna.

Começou a pressão para que as regras fossem mudadas. Marin, inicialmente, disse que elas seriam respeitadas. Mas, semanas depois, o regulamento mudou no meio da competição, com a previsão de só dois rebaixados.

A decisão bagunçou o futebol paulista no ano seguinte, quando Marin já havia deixado a federação.

Alegando que foram prejudicados pela virada de mesa, Ponte Preta e Bandeirante, os dois últimos do torneio de 1987, foram à Justiça comum para permanecerem na primeira divisão em 1988. Eles disputaram alguns jogos, mas a decisão a favor da dupla foi revertida, e partidas tiveram que ser anuladas.

O novo presidente da CBF também foi contra a Copa União, torneio que foi o embrião do Clube dos 13.

Ao romper com a CBF, a entidade criada para reunir os maiores times do país resolveu criar uma espécie de liga.

Marin atacou a ideia e até bombardeou a TV Globo, que era parceira dos clubes.

"O futebol paulista não pode ficar subordinado aos interesses de uma emissora de tevê", disse o cartola na edição da Folha do dia 12 de setembro de 1987.

Na ocasião, o dirigente chegou até a ameaçar proibir a exibição de partidas da Copa União pela Globo.

Marin, no mesmo dia, afirmou que tinha a disposição de "entrar com mais de cem ações na Justiça caso a Globo teime em desrespeitar a reivindicação de nossos filiados", citando os clubes de todas as divisões do Paulista.

Para defender sua gestão, Marin diz que, com ele, um clube do interior foi campeão estadual pela primeira vez (a Inter de Limeira, em 1986).

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