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Rodrigo Bueno

Virgem de 114 anos

Nova senhora dos empates, Juventus pode acabar o Italiano invicta e fora da Champions

A VELHA SENHORA está intacta como nunca. E faz história com sua singular virgindade.

Já houve um fabuloso campeão italiano invicto (Milan-92) e um surpreendente vice sem derrotas no calcio (Perugia-79), mas há chance real de pintar agora um inédito terceiro ou até quarto colocado (nada de Champions para esse) imbatível.

A Juventus empatou mais da metade de suas partidas (14 de 27) e tem uma sequência pela frente que pode muito bem render em mais cinco igualdades (Fiorentina e Palermo fora; Inter, Napoli e Lazio em casa). Nessa série, é bem possível que o Milan engatilhe mais um scudetto, e a Juve, que empatou seis dos últimos sete jogos, tenha sua segunda posição colocada em xeque.

Não é absurdo a Juve igualar o recorde de 22 igualdades do Mantova-67 (esse em "apenas" 34 jogos), pois a alvinegra de Turim tem só dois jogos fáceis como mandante. E, se não dá para pegar proporcionalmente a Udinese-83 (20 empates em 30 jogos, ou seja 66,6%), a perspectiva real de terminar sem derrota reposiciona o clube que mais títulos tem no país em forma de bota.

Na temporada 2005/2006, a Juve venceu 27 partidas, empatou dez vezes e tombou só em uma oportunidade, acumulando incríveis 91 pontos. No entanto, por conta do escândalo da manipulação de resultados, essa campanha foi jogada no lixo, rendendo uma lanterna, um título cassado e um antes impensável rebaixamento. Só agora a Velha Senhora volta de fato a ser competitiva em seu reduto, a ser respeitada como deve, a recuperar sua dignidade.

Pegando hoje outras 20 ligas nacionais relevantes mundo afora não se encontra um time imbatível. Não há Barça, Real, Manchesters ou PSG (o Clausura argentino não conta porque começou há pouco, mas o Boca e sua superdefesa já levaram cinco do lanterna Independiente) que possa ostentar a virgindade caseira da Juve nesta temporada. E isso sem investimentos vultosos.

O capitão Del Piero e o subcapitão Buffon não abandonaram o barco mesmo nos momentos mais turbulentos. Participaram do tetra da Azzurra e viram o surgimento do novo estádio da Juve sem abandonar o preto e o branco (e o rosa) da esquadra mais popular da Itália (uns 12 milhões de torcedores espalhados pelo país e uns 180 milhões de simpatizantes ao redor do globo). Talvez todos esses não vejam tão cedo a chegada da terceira estrela ao uniforme juventino, mas a Namorada da Itália (outro apelido da Juve), com sua virgindade, já redescobriu seus encantos.

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br

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