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Enfim feminino

Em Londres, duas mulheres quebram tabu e vão representar o Qatar pela 1ª vez na Olimpíada

Mohammed Dabbous/Reuters/DOHA
Apresentação da candidatura de Doha aos Jogos-2020 ressalta mulheres
Apresentação da candidatura de Doha aos Jogos-2020 ressalta mulheres

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A DOHA

"Vou fazer o meu melhor lá, mas sei que vencer vai ser difícil. Minha meta será encorajar as mulheres do meu país a entrarem no esporte e escolherem seu caminho."

Esse é o objetivo da nadadora Nada Mohammed Wafa Arkaji, 17, nos Jogos de Londres, em julho e agosto.

Nada e a corredora Noor Al-Maliki serão as primeiras mulheres do Qatar a disputar uma Olimpíada. Além do país, só Arábia Saudita e Brunei nunca mandaram uma delegação feminina para os Jogos.

O aumento da participação das mulheres é uma das

bandeiras do COI (Comitê Olímpico Internacional).

A diminuta delegação feminina em Londres é uma tentativa do país do Golfo Pérsico de abrandar a falta de participação feminina no esporte, um dos pontos negativos da candidatura de Doha à sede da Olimpíada de 2020.

O Qatar está investindo milhões de dólares num centro de formação esportiva para mulheres. Contratou técnicos e médicos de todo o planeta.

Sem nenhuma marca expressiva na carreira, Nada foi escolhida para disputar a Olimpíada após forte pressão do COI pela inclusão de mulheres na delegação do país.

Filha única do goleiro do Qatar nos anos 70 e de uma alta funcionária do governo, Nada rompe os padrões do conservadorismo islâmico. Não usa véu, gosta de andar de cabelo solto, estuda numa escola britânica em Doha e fala inglês perfeitamente.

No Qatar, a maioria das mulheres veste roupas pretas que cobrem todo o corpo. Só deixam o rosto de fora, e algumas só mostram os olhos.

"O país se abriu muito nos últimos anos. Todos me respeitam por minhas escolhas. Não gosto de polemizar sobre o véu. Só posso dizer que cada um faz suas opções."

A qatariana nada desde os nove anos, mas só começou a competir internacionalmente no ano passado.

Suas marcas estão longe das melhores do mundo. Nos 50 m livre, sua especialidade, seu melhor tempo é 31s85. O recorde mundial é da alemã Britta Steffen (23s73).

Nada treina duas horas por dia. Na água, veste maiô comportado (com um short) e pede para não ser fotografada antes de entrar na piscina.

Na quarta, era a única mulher a nadar em meio a mais de 50 meninos no parque aquático de Aspire, principal centro esportivo do país.

"Não sei se vou conseguir viver da natação, mas quero fazer bem o meu papel nessa história", disse. No fim do ano, ela decidirá se continua no esporte ou se dedica à faculdade de negócios.

O jornalista SÉRGIO RANGEL viajou a convite da ICSS (International Centre for Sport Security)

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