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Edgard Alves

Apenas um sonho

O viés da Olimpíada é uma barreira no momento intransponível para o MMA

O sucesso do MMA (artes marciais mistas, na sigla em inglês), moda no Brasil, já extrapola o bom senso. Agora o esporte pleiteia fazer parte do programa olímpico.

Na oficialização da Confederação Brasileira de Mixed Martial Arts, na semana passada, o presidente da entidade, Eliseo Macambira, disse que a hora é ideal para incluir o esporte na Olimpíada. Lorenzo Fertitta, um dos donos do UFC, a principal competição de MMA do mundo, também tinha se manifestado no mesmo sentido.

Sucesso televisivo, conta com respaldo da Globo na promoção dos eventos no Brasil. São numerosos os fãs que acompanham os combates pela TV, embora a prática do esporte ainda seja restrita no país. Até aí, nada contra, exceto a brutalidade explícita da modalidade, bem definida por Juca Kfouri como "um estímulo aos piores instintos da raça humana". Também concordo com Juca e com outro colunista desta Folha, Hélio Schwartsman: o deputado José Mentor (PT-SP) erra ao tentar proibir as transmissões do MMA pela TV. Deve prevalecer a liberdade de expressão.

Com traços em especial do boxe e do taekwondo, e engalfinhamentos como no judô e na luta greco-romana, o viés da Olimpíada é uma barreira no momento intransponível para o MMA porque o movimento olímpico busca caminhos mais brandos e sedimentados.

Nos Jogos do Rio-2016, por exemplo, serão incluídos golfe e rúgbi. Enquanto isso, o boxe, com tradição no programa olímpico, enfrentou forte campanha para ser excluído sob a alegação de "riscos à saúde" e "violência". E nele o praticante ataca só com as mãos (completamente cobertas por luvas) e também usa capacete protetor, enquanto no MMA é uma pancadaria com mãos, pernas, pés e ainda imobilizações.

Outro entrave é o fato de a modalidade não estar ainda sob a égide de uma federação mundial. Mais: para um esporte fazer parte da Olimpíada, é necessário que algum outro seja excluído. Isto porque, para evitar o gigantismo da competição poliesportiva, a estimativa do COI é que o número de atletas participantes fique em torno de 10.500.

Além disso, segundo a Carta Olímpica, para ser incluído nos Jogos um esporte deve satisfazer critérios, como ser praticado em no mínimo 75 países e quatro continentes, no caso dos homens, e em no mínimo 40 países e três continentes, no das mulheres.

Enfim, as insinuações olímpicas do MMA parecem mais sonho do que realidade, mas é cartola quem decide, e cartola muda regra quando interessa.

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