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Documento sugere culpa de Havelange

FIFA
Advogado suíço que bloqueou caso ISL pediu pela saúde do cliente

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE

Documento de processo judicial na Suíça indica que o ex-presidente da Fifa João Havelange foi, de fato, um dos beneficiados por propina da ISL, no maior escândalo de corrupção da entidade.

A BBC e o suíço "Handelszeitung" afirmaram que o dirigente recebera 1 milhão em francos suíços (R$ 2 milhões) da ex-parceira da entidade máxima do futebol. O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira também é acusado. Os veículos se basearam em fontes ligadas à investigação.

Um documento obtido pela Folha reforça a acusação sobre Havelange. Consta do processo movido pelo jornal para tornar público o dossiê.

Dois advogados suíços representando dois cartolas envolvidos no caso tentam obstruir a revelação. São os dois dirigentes que pagaram multa e devolveram dinheiro para manter o processo sob sigilo. Os nomes dos cartolas são mantidos anônimos, chamados apenas de B2 e B3.

Seus advogados são, respectivamente, Rolf Schweiger e Marco Niedermann. Documento produzido pelo último sugere Havelange.

Em maio de 2011, ele enviou 19 páginas à corte para explicar por que o nome de seu cliente não deveria ser tornado público. O item 24 diz: "Considera-se que o reclamante não está mais ativo como funcionário da Fifa há longo tempo e que são questões que, em sua maioria, ocorreram há mais de dez anos". Havelange deixou suas funções práticas da Fifa em 1998, quando se tornou apenas presidente de honra.

O trecho exclui figuras proeminentes ainda no comitê, que estavam no grupo na década de 1990. Também exclui Jack Warner, Mohamed bin Hammam e o próprio Teixeira, que deixaram o Comitê-Executivo recentemente.

A descrição de Niedermann exclui ainda suíços e mostra que seu cliente não é ativo no mundo político.

E, finalmente, há um trecho revelador em que o advogado pede a manutenção do sigilo pela saúde do cliente.

"Então, fique o tribunal inferior conhecedor das circunstâncias constitucionais do queixoso de tal forma que o estresse psicológico da cobertura negativa da mídia lhe cai como peso particularmente grande." Em maio de 2011, Havelange, 95, já estava com problemas de saúde.

Atualmente, está internado no Rio, em estado grave.

A Folha tentou, sem sucesso, falar com Niedermann.

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