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Tostão

Viúvas do passado

As seleções sul-americanas, fora Brasil e Argentina, evoluíram mais que as de outros continentes

As equipes brasileiras estão bem na Libertadores. Hoje, o Flamengo tem uma partida difícil, contra o Olimpia, no Paraguai.

Diferentemente dos grandes times brasileiros, que possuem jogadores caríssimos, ótima estrutura profissional e vários titulares da seleção principal, é raro um jogador de outras equipes sul-americanas nas seleções de seus países.

As seleções sul-americanas, fora Brasil e Argentina, evoluíram mais que as de outros continentes. O Uruguai está hoje no nível de Brasil, Argentina e de fortes seleções da Europa, como Inglaterra, Itália e França. Outras seleções sul-americanas, no mínimo, se equivalem às melhores seleções asiáticas, africanas e do segundo escalão da Europa.

Vários atacantes sul-americanos se destacam em boas equipes da Europa, como os argentinos Higuaín e Di María, no Real Madrid, Agüero, no Manchester City, sem falar em Messi; os uruguaios Suárez, no Liverpool, Cavani, no Napoli; o chileno Alexis Sánchez, no Barcelona; o colombiano Falcao Garcia, no Atlético de Madri; o paraguaio Cardozo, no Benfica, e muitos outros.

Dos brasileiros, apenas Kaká, Robinho e Hulk estão bem, apesar de Kaká não ser titular absoluto no Real Madrid, Robinho ser coadjuvante no Milan, e Hulk, do Porto, ser destaque em um time médio.

Mano Menezes está preocupado, com razão, com os jogadores do meio para a frente que atuam no Brasil. Eles têm mais dificuldade quando jogam pela seleção, por enfrentarem melhores defensores e defesas mais compactas, com menos espaços.

A permanência de Neymar e de outros jovens no Brasil é ótima para os clubes, para os jogadores, que ganham tanto aqui quanto fora e ainda estão em casa, por melhorar a qualidade do futebol brasileiro, para promover a Copa do Mundo, para aumentar o orgulho nacional e para vender o produto futebol. Mas há dúvidas sobre se isso pode atrapalhar a evolução técnica dos jogadores e, consequentemente, ser ruim para a seleção.

Argumentar que Neymar não precisa ir porque Pelé não saiu não faz sentido.

Pelé jogava no melhor e mais encantador time do mundo, como se fosse hoje o Real Madrid ou o Barcelona, ao lado dos melhores jogadores e contra outras equipes espetaculares, como o Botafogo, de Garrincha. O mundo inteiro queria jogar como o Brasil. Isso mudou. Não podemos ser viúvas do passado.

Quase tudo é incerto. A única coisa certa é a finitude humana. Neymar é quem sabe de sua vida. E ele quer ficar no Brasil. Ótimo. Ponto final.

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