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Atleta pede dispensa da seleção para trabalhar com baleias no SeaWorld

Arquivo Pessoal
Joseane Martins em ensaio do SeaWorld
Joseane Martins em ensaio do SeaWorld

MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO

Uma atleta que gosta de voar. Um impulso. E a seleção brasileira de nado sincronizado perde uma integrante.

Graduada em Ciências Aeronáuticas, Joseane Martins, 22, já havia pedido dispensa para trabalhar por quatro meses em uma empresa de táxi aéreo no Rio. Voltou para disputar o Pan de Guadalajara.

As alçadas - especialidade dela - na piscina ajudaram o Brasil a conquistar a medalha de bronze. E contribuíram para outro voo dela.

Desde fevereiro, Joseane é contratada do SeaWorld, rede de parques aquáticos famosa mundialmente. Em março fez a primeira apresentação com belugas, uma espécie de baleia, e atletas de nado e saltos ornamentais.

Ela soube da chance após o Pan, enviou um vídeo e dois dias depois recebeu convite para se mudar para o Texas, nos Estados Unidos.

"No show, faço nado sincronizado com mais três meninas, enquanto belugas passam com treinadoras, saltadores, comediantes. É igual ao nado, porém, sem os árbitros para julgar, só o público para bater palmas", explica Joseane à Folha.

Atleta do Flamengo desde os 13 anos - antes fez ginástica olímpica no clube -, ela tem contrato (renovável) com o SeaWorld até janeiro.

"Pretendo voltar ao Brasil, tenho o sonho de participar da Olimpíada do Rio-2016".

A equipe brasileira tenta a vaga nos Jogos de Londres entre 18 e 22 de abril, no Pré-Olímpico mundial. São três vagas, e a chance é remota. Já o dueto, deve conseguir.

Ano passado, as gêmeas Bia e Branca Feres, 22, também pediram dispensa da seleção para se dedicar à carreira artística na MTV. Desta vez, foram conselheiras.

"[A saída da seleção] Acontece porque propostas melhores surgem. Nado sincronizado é um esporte pouco reconhecido no Brasil. Agora começou a melhorar com o bolsa atleta, com a mídia em 2016, mas não é o suficiente", diz Joseane, que recebe salário no SeaWorld com base nas apresentações que faz -chegam a ser seis por dia.

Para a técnica Maura Xavier, não há fuga de atletas e ela pode voltar à seleção desde que esteja competindo. "A Jose é atleta de seleção, em diferentes categorias, desde os seus 14, 15 anos. Hoje ela tem 22 e decidiu seguir outro rumo", resume Maura.

Representantes do Brasil em Sydney-2000 e Atenas-2004, as gêmeas Carolina e Isabela Moraes trocaram o nado pelo Cirque du Soleil.

"Ninguém larga a seleção simplesmente porque quer. É muito treino para pouco investimento. O nado no Brasil é para quem realmente ama. A esperança é que até 2016 isso mude", conclui Joseane.

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