Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Tocha acende mercado olímpico

2012
Brasileiros vão a revezamento graças a convites, patrocinadores e até histórias pessoais

MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO

A chama olímpica passa da Grécia para o Reino Unido, amanhã, para acender de vez os negócios dos Jogos.

No discurso oficial, o revezamento da tocha vai ser feito por 8.000 pessoas com histórias inspiradoras até a cerimônia de abertura, em 27 de julho. O trajeto de 12.800 km até o Estádio Olímpico, porém, serve também para agradar dezenas de empresas e exibir os patrocinadores oficiais do evento -Coca-Cola, Lloyds TSB e Samsung.

O caráter comercial do revezamento, recorrente nos eventos olímpicos, fica evidente ao localizar brasileiros anônimos na lista do evento.

Em contato com a Folha, dois deles contaram que foram escolhidos porque as empresas nas quais trabalham são patrocinadoras dos Jogos e tinham o direito de indicar funcionários. Um terceiro -este com ligação direta com a Olimpíada- é um jornalista convidado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).

"Já cobri umas oito ou nove Olimpíadas. E, desta vez, o COI me convidou. Para mim é uma homenagem muito bonita, um momento de satisfação", afirma Edson Afonso, 67, que diz já ter respondido a "uns 30" e-mails com detalhes pessoais, de processos penais a preferência sexual.

"Você também assina um contrato dizendo se aceita ou não patrocínio no seu uniforme. Senti no ar que devia aceitar", afirma o jornalista e fotógrafo que vai carregar a tocha em 23 de julho, em Merton, arredores de Londres.

Quem vai estar ainda mais perto do momento em que a chama chegará ao Estádio Olímpico é o comissário de bordo Fernando Goldberg, 50, que levará a chama na véspera da abertura.

Carioca, como Afonso, ele é um dos 40 escolhidos da British Airways, companhia aérea oficial dos Jogos. O avião dourado que amanhã vai levar a chama até os britânicos, aliás, é da empresa.

Goldberg conta que foi indicado pela própria chefia por sua dedicação de 23 anos à empresa. "É o topo da minha carreira", diz o comissário que trabalha nos voos do Brasil para Londres.

A inspiração que fez a gerente de tripulação o inscrever no concurso interno, segundo ele próprio, veio do período de 15 meses em que continuou voando mesmo com a mãe doente, no Rio. Ela acabou morrendo há três anos.

A história o levou ao revezamento onde vai correr cerca de 300 metros "em zigue-zague para durar mais tempo". Como funcionário da British, Goldberg ainda ganhou dois ingressos para assistir às semifinais do tênis na Olimpíada, em Wimbledon.

Os nomes de outros dois brasileiros foram divulgados pelos organizadores. São eles o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, bronze em Atenas-2004, e a apresentadora Mylena Ciribelli, da Rede Record, detentora os direitos de transmissão de TV no país.

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, já carregou a tocha na última semana, na Grécia, onde ela foi acesa.

Já a carioca Rose Moreira, 48, analista contábil da Usina Termelétrica Norte Fluminense, do grupo EDF, patrocinador da Olimpíada, precisou de um concurso. A empresa podia indicar 70 funcionários de todo o mundo, e Rose foi a escolhida do país. Ela vai carregar a chama em 24 de maio, em Ledbury.

"Tive que escrever um texto que falasse da relação do meu trabalho com o espírito olímpico. Pensei que os Jogos requerem uma energia pessoal, superação. E escrevi: 'A energia que movimenta os atletas também movimenta a sua empresa'", conclui.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.