Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Xico Sá

Conspiração boteco

Só um remédio curaria todas as mazelas, mas está sempre em falta: vergonha na cara

Amigo torcedor, amigo secador, se o videotape é burro, como dizia o tio Nelson, o tira-teima é suspeito, o juiz é o mais vendido e os conspiradores coaxam no boteco: foi, não foi, foi, não foi, foi, não foi...

O mundo dos machos ludopédicos, como bem definiu a minha reflexiva senhora, parece uma lagoa de sapos-cururus depois da chuva. Foi gol, não foi, foi pênalti, não foi, foi impedimento, não foi, foi, não foi... e assim ad infinitum.

No Vasco x Corinthians foi apenas mais um capítulo, com a ajuda dos sapos tuiteiros, que resgataram a conspiração do "apito amigo" a favor do clube paulista ainda virgem de Libertadores. Foi, não foi, foi, não foi, o eco tomou conta do Rio, de São Paulo, da via Dutra.

Por isso que sou contra qualquer meio eletrônico, controlado ou não por humanos, para ajudar na arbitragem do jogo. Até porque juiz não costuma roubar no atacado, juiz rouba é no varejo, dirigindo o resultado sem parecer escandaloso, ali na maciota, como um ladrão pé-de-lã das antigas.

Não tem ratoeira high tech que ponha ordem na casa. É mais difícil do que uma CPI enquadrar grandes empreiteiras. É mais difícil do que achar ninho de avião ou pé de cobra. É uma peleja das mais utópicas.

Só um remédio curaria as mazelas, na política, nos esportes, em qualquer ramo de atividade. Esse remédio, porém, está sempre faltando nas nossas redes de farmácias: um genérico conhecido vulgarmente como vergonha na cara.

Só nos resta esperar o próximo jogo, seja na várzea ou na Libertadores, nada como um campeonato atrás do outro, amanhã começa o Brasileiro. Nada como uma conspiração atrás da outra, nas redes sociais ou no boteco.

Assim como tem gente que ainda não acredita que o homem foi à lua, há quem acredite que o Brasil vendeu a final da Copa do Mundo de 1998 à França, via Nike, como reza a lenda de todos os taxistas até hoje.

Aliás, tem gente que vai além, como meu velho pai, por exemplo, senhor de todas as desconfianças sertanejas: "Toda Copa é vendida". Será que vamos levar a próxima?

Só nos resta engolir todos sapos, caríssimo vascaíno Aldir Blanc, e cantar aquele teu samba clássico, em parceria com o flamenguista João Bosco e todos os conspiradores do boteco: "Eu aprendi que a alegria/ De quem está apaixonado/ É como a falsa euforia/ De um gol anulado".

e-mail: xico.folha@uol.com.br
@xicosa

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.