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Lúcio Ribeiro

"Loco por Ti, América"

Crianças abandonadas, palavrões, hospitais e o que o futebol tem a ver com tudo isso

Um amigo corintiano passou mal a ponto de pensar em ir para o hospital para controlar a respiração descompassada, depois do jogo que botou o time dele na semifinal da Libertadores, quarta passada. Ele decidiu que agora vai programar uma viagem bem na hora do duelo final contra o Santos.

Uma amiga que torce para a mesma equipe começou a chorar compulsivamente assim que o Diego Souza perdeu o tal "gol que não se perde" para o Vasco, aos 18min do segundo tempo. E as lágrimas só pararam de cair porque secaram, segundo ela, uma hora após a partida dramática acabar.

Eu, que nem tenho nada a ver com os envolvidos da Libertadores (minhas preocupações clubísticas naquele dia eram outras), posso dizer que ainda não me recuperei direito da carga de tensão dos quatro jogos do torneio sul-americano da última semana.

Ainda bem que tem uns jogos mandraques da seleção nestes dias. Ainda bem (2) que a cartolagem do nosso futebol não sabe fazer um calendário decente, deixando chocho o começo do Brasileirão ao programar as primeiras rodadas no meio desse fuzuê todo. Voltando às emoções do meio de semana passado, fico imaginando o que passaram corintianos, santistas, fluminenses, vascaínos, boquenses, lauzenses, libertários, velezistas... Fico imaginando, não. Pela internet, deu para sentir.

Tem um vídeo sensacional no Youtube com a narração da rádio ADN do Chile em que o narrador só faltou largar o microfone e descer ao gramado para abraçar o goleiro Johnny Herrera, da La U, depois que ele faz um milagre no tempo extra de jogo e ainda pegou um dos pênaltis nas cobranças que decidiram a vaga para a Universidad.

Um outro vídeo, esse com imagens do dramático Fluminense 1 x 1 Boca Juniors e áudio da rádio Mitre de Buenos Aires, evoca até as crianças argentinas que passavam frio nas ruas do país naquele momento, para exaltar o "milagre" do Boca no Rio com o gol salvador no último minuto. Fato que gerou uma manchete com palavrão no diário esportivo "Olé": "Boca Carajo!", de dispensável tradução e que teve um parentesco aqui.

Na mesma manhã, o jornal brasileiro "Lance!" saiu com a chamada "PQPaulinho" na capa para expressar, na mesma sintonia, o que representava o gol que classificou o Corinthians contra o Vasco.

Gol este em que o volante corintiano foi comemorar no alambrado, imediatamente abraçado por um torcedor desesperado que escalou a grade, na cena espontânea que talvez tenha mais bem representado o elevado grau emotivo da semana passada. Futebol é um troço sério, não?

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