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Tostão

Juntos num só ritmo

Aumentou minha esperança, mas é cedo para euforia. Os apressados já elegeram os novos craques

Pouquíssimo se vê nos times brasileiros a marcação por pressão, a troca de passes e a posse de bola, características da seleção nos dois amistosos.

Os EUA mostraram que estão muito longe da meta de serem, a partir de 2018, candidatos habituais a campeões do mundo. Assim como o samba, futebol não se aprende na escola nem em laboratório. A técnica e a tática podem ser aprendidas, aprimoradas, mas a habilidade e a inventividade estão nos códigos genéticos e de comportamento. Demora várias gerações para mudar.

Já na média de público, os EUA, como mostrou a Folha, ultrapassaram o Brasil. Em 2011, foi de 17.870, e a do Brasil, de 14.976.

Além de fatores conhecidos para o sumiço do torcedor (violência, insegurança, péssimos gramados, desconforto dos estádios, ingressos caríssimos, má qualidade técnica e outros), os clubes estão deixando de ser os representantes afetivos de um grupo, de uma comunidade, para se tornarem lugares de negócios. Isso diminui a paixão do torcedor. Além disso, há uma exagerada idolatria aos personagens, técnico e jogadores, que se tornam celebridades, maiores que os clubes.

Em relação à seleção, a situação é pior. A maioria não está nem aí para o time. Existe um grande projeto de marketing (expressão da moda) para levantar o futebol e a Copa. "Juntos num só ritmo." As boas atuações da seleção e a conquista da medalha de ouro podem ajudar muito. Neymar não ficou no Brasil só por causa de seus desejos e do Santos. Governos, Fifa, CBF, investidores e marqueteiros trabalharam muito para isso. Neymar, Pelé e Ronaldo são ótimos garotos-propaganda. Duro é escutar Bebeto, membro do comitê da Copa.

O projeto conta com o apoio de parte da imprensa. Esta acha que futebol é entretenimento, negócio, e que é uma burrice falar mal do próprio produto. Felizmente, continuam as independentes reportagens investigativas, as denúncias e as críticas a tantas coisas erradas que ocorrem na realização da Copa.

Desencontro

Na maioria dos jogos que vi do Flamengo, Ronaldinho, mesmo muito mal em relação ao que jogara, era um dos destaques. O torcedor queria mais, que ele desse grandes títulos ao clube. Quanto maior a expectativa, maior a frustração. Discordo que Ronaldinho não jogava tanto porque não queria. Não conseguia. Não há mistério. Isso ocorre com todos os atletas, uns mais cedo. Há muitas razões. Nenhuma explica. Saber não é compreender.

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