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Sedes esquecem vida real em arenas

EURO-2012
Com público menor que o Brasileiro, Polônia e Ucrânia batem recorde de custo de estádios

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Para abrigar a abertura da Eurocopa, nesta sexta-feira, o governo polonês gastou cerca de € 500 milhões (quase R$ 1,3 bilhão) na construção do Estádio Nacional de Varsóvia, um gigante que não condiz com o público que costuma acompanhar in loco o futebol praticado no país.

A arena que irá receber o confronto entre Polônia e Grécia e mais quatro partidas da competição terá capacidade para até 50 mil pessoas.

Mas, na última edição da Ekstraklasa, a primeira divisão local, apenas dois jogos registraram públicos superiores a 40 mil espectadores. E nenhum chegou a 41 mil.

A ostentação de Varsóvia não é exceção, mas sim regra.

A Euro que mais gastou dinheiro com arenas na história e com a maior capacidade de público desde 1996 corre grande risco de distribuir pelos seus países-sedes uma legião de elefantes brancos.

Os campeonatos de Polônia e Ucrânia apresentam médias de público irrisórias em comparação com as principais ligas da Europa. E inferiores à do Brasileiro.

A Série A de 2011 teve 14.976 pagantes em média por partida, contra 11.925 da mais recente temporada ucraniana e 8.839 da polonesa.

E olha que a presença de torcedores nos estádios desses países cresceu com a aproximação do Continental.

Em 2007, quando foram anunciadas as sedes da Euro de 2012, a média da Ucrânia era 24,09% (9.052 pessoas) e a da Polônia 15,8% (7.441) menores do que as de agora.

Nem esse boom e a decisão de colocar os jogos nas capitais futebolísticas dos países (todas as cidades-sedes têm times na primeira divisão, ao contrário da Copa de 2014, no Brasil) derrubam a percepção de que houve exagero.

Quatro dos oito estádios foram construídos exclusivamente para a Euro. A Donbass Arena, de Donetsk, também tem pouco tempo de vida -foi inaugurada há três anos.

A média de capacidade das arenas é de 43.125 pessoas. A última edição com palcos tão grandes foi na Inglaterra-1996 (45.232). Quatro anos atrás, na Áustria e na Suíça, a audiência limite não chegava a 35.300 a cada partida.

Entre construções e reformas, foram gastos € 2,3 bilhões (R$ 5,9 bilhões) com estádios, sete vezes o custo com arenas da última Euro e mais do que o orçamento aprovado pela França para a competição de 2016: € 1,6 bilhão.

A previsão de gastos estourou várias vezes. A sede de Lviv, na Ucrânia, sairia inicialmente por € 70,4 milhões. No fim, custou € 211 milhões.

Quase todo o dinheiro saiu dos cofres públicos. Apenas a arena de Donetsk tem proprietário privado: o Shakhtar, que tem como dono o bilionário Rinat Akhmetov, o homem mais rico da Ucrânia.

Os estádios de Gdansk, Poznan e Wroclaw pertencem a prefeituras. Kiev, Lviv e Varsóvia são de ministérios do Esporte. E Kharkiv tem como dono o governo estadual.

Segundo o primeiro-ministro da Ucrânia, Boris Kolesnikov, o país gastou € 4 bilhões em melhorias para a Euro, ante € 27 milhões da Polônia.

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