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Xico Sá

A culpa é mulher

Culpa-se a mulher qual uma Eva que levou o Adão do nosso time ao pecado e à desgraça

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, quando acontecem casos como o do Ronaldinho é que vemos como o mundo do futebol, aqui valendo do gandula à cúpula da CBF, consegue ser mais moralista do que as Senhoras de Santana -o grupo que, nos anos 1980, defendia a censura contra qualquer m anifestação de sexualidade na TV.

Até mesmo sem se dar conta, culpa-se a mulher qual uma Eva que levou o Adão do nosso time ao pecado e à desgraça. O macho se sente traído. A gostosa pôs o seu craque no mau caminho. Demoniza-se a "cria da nossa costela". Os cavalheiros das mesas redondas não perdoam, matam.

Historicamente, até mesmo quando se trata da "legítima esposa". Lembre-se do Príncipe Etíope, tio Nelson, o Didi, castigado pelos crápulas da então CBD nos anos 1950. Era tão bonito o seu amor pela Guiomar que o campeão mundial de 1958 e 1962 chegou a ser proibido de ver a mulher. Em uma das ocasiões teve que fazer greve de fome.

Sem laços de família, então, a mulher é o próprio belzebu. Mesmo em um clube como o Flamengo, dirigido por uma mulher -o que poderia representar um avanço e tanto-, repare que espionaram o R10 em um Big Brother na concentração. Como se mulher fosse problema.

Pior é que o Kalil, presidente do Galo, novo clube do Gaúcho, baseado na investigação de baixo nível do time rubro-negro, disse que a repetição do ato resultaria em demissão imediata do craque.

Mulher nunca foi problema, amigo. Óbvio que a noite excessiva, para um atleta, atrapalha. Não a mulher em si, repito. Falar nisso, adorei a declaração do herói Chulapa ao UOL. Boleiro sempre foi para a farra. O problema hoje é o celular. Neguinho filma tudo e vira uma caça às bruxas.

Outros moralistas dizem que o problema é não se expor. Ser discreto. Amigo, pergunto, do fundo das nossas mais sinceras sístoles e diástoles: Quem não gosta de ser visto com uma mulher bonita? É o esporte. Essa de comer quieto é uma mística que acaba diante da primeira deusa amadora da Savassi ou da profissional da boate New Sagitarius.

GOL DE LETRA

O poeta Sérgio Vaz conseguiu unir o futebol à literatura no "Várzea Poética". O projeto busca apoio de entidades para os times. Em contrapartida, os atletas de fim de semana e suas famílias participam do "Sarau da Cooperifa", no jardim São Luiz, zona sul de SP, onde recebem livros doados por editoras. Ah, se todos os cartolas fossem iguais a você, caro palmeirense.

@xicosa

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