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Lúcio Ribeiro

Vai embora, Neymar (2)

Depois da segunda aula do professor Messi, o brasileiro foi de 'impossível parar' a 'é só marcar'

No começo do ano, às vésperas de Neymar voltar das férias, esta coluna sugeriu que o jogador pensasse seriamente em deixar o Brasil para lapidar seu raro talento contra times e jogadores mais encorpados e estruturados. Virar um "internacional".

Não era um pensamento com a cabeça de um santista. Se Neymar praticasse suas mágicas boleiras no meu time, jamais eu iria querer que ele fosse embora. Não seria exatamente bom para o fortalecimento do futebol brasileiro em si, que vive momento capaz de segurar aqui jogadores, repatriá-los e, já se fala, vai ainda importar grandes nomes gringos. O foco estava na seleção brasileira e a pressão de ter que manter sua tradição de potência e ganhar a próxima Copa, que a propósito vai ser realizada AQUI. Isso com uma Olimpíada no meio do caminho.

Naquele texto de janeiro, eu dizia que Neymar estava rico, famoso e era unanimidade nacional, mas faltava "uma coisinha".

Para ficar só na repercussão aqui neste espaço de colunas, os vizinhos Tostão e Juca Kfouri entraram na conversa, o primeiro concordando e dizendo que havia descido do muro na questão e o segundo rechaçando minha "proposta" a Neymar.

Hoje, cinco meses depois, muitas badalações depois, uma frase "Ele é tecnicamente melhor que o Messi" (Pelé) depois, encontramos Neymar numa encruzilhada profissional. Está mais rico, mais famoso, mas de repente deixou de ser unanimidade nacional. A derrota do Brasil para a Argentina no sábado, em que pese o fato de ser um amistoso e as diferenças entre seleção olímpica (nós) e principal (eles), teve efeito imediato no confronto mais esperado do futebol brasileiro no ano: o clássico entre Corinthians e Santos pela Libertadores.

Assim que a partida lá dos EUA acabou, enquanto Neymar se preocupava em correr até Messi para lembrá-lo da promessa de entregar a ele a camisa do jogo, começava na internet uma provocação entre corintianos e santistas para o duelo de dois jogos que começa amanhã na Vila Belmiro.

O que chamou a atenção foi que corintianos atacaram a performance internacional fraca (Bolívar, Vélez, México, Argentina) da mais reluzente joia brasileira em tempos recentes. Foi a primeira manifestação forte que eu vi que aponta que Neymar não é mais uma unanimidade. Causa estranheza, mas parece que se perdeu o medo de sua genialidade. Ele foi de 'impossível parar' a 'é só marcar'.

Enquanto isso, o professor Messi ministrou sua segunda aula de "internacionalidade" ao aluno Neymar. Quantos módulos, será, que esse curso vai durar? Vai dar tempo de ele se formar até 2014?

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