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Túneis atormentam corredores

ATLETISMO Quase 10% do trajeto da maratona de São Paulo, que acontece hoje, é subterrâneo

Adriano Vizoni/Folhapress
Corredores quenianos em pausa de treino para a maratona de São Paulo
Corredores quenianos em pausa de treino para a maratona de São Paulo

DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO

Embora representem quase 10% do percurso, os túneis paulistanos são o maior tormento dos atletas de elite da maratona de São Paulo.

A largada da 18ª edição da corrida será às 7h50 para a elite feminina e às 8h25 para a masculina e os demais competidores, na avenida Jornalista Roberto Marinho.

O atleta que cumprir os 42,195 quilômetros do percurso terá atravessado duas vezes o túnel Doutor Euryclides de Jesus Zerbini, próximo ao Jóquei Clube, que tem cerca de 500 metros de extensão.

Em seguida, o competidor terá superado o Túnel Jânio Quadros, que cruza o rio Pinheiros, e, por fim, o Tribunal de Justiça, sob a avenida Santo Amaro. As duas travessias juntas somam 2,4 km.

As queixas dos competidores vão desde falta de ar, luminosidade, choque térmico até as subidas e descidas para entrar e sair dos túneis.

Há um desnível de quase 20 metros das ruas para as vias subterrâneas. A temperatura pode cair até 5ºC ao entrar em um túnel. A mudança prejudica os atleta, principalmente no túnel Tribunal de Justiça, quando eles terão vencidos 35 km e mais de duas horas de esforço.

"Senti bastante os trechos em túneis", contou Laelson da Silva Santana, quarto colocado no ano passado, melhor brasileiro da prova.

"Fico com falta de ar lá dentro", disse Maria Zeferina Baldaia, campeã em 2008.

"A única coisa que penso em um túnel é em acelerar e sair logo daquele lugar", explicou Baldaia, que em 2011 foi advertida após ser flagrada no exame antidoping com o diurético acetazolamida.

Há dois anos, a baiana Marily dos Santos viu a medalha de ouro escapar no túnel Tribunal de Justiça. Ela caiu da primeira para a quarta colocação. "Eu me sinto um tatu ali", comparou depois.

Hoje, ela diz estar mais experiente e acredita que não terá o mesmo problema. "Nunca vou me acostumar a isso [túnel], porque na minha cidade não tem essas coisas, mas já estou mais preparada do que em 2010", garantiu a atleta que mora em Pojuca, a 70 quilômetros de Salvador.

A prova em que Marily sucumbiu às passagens subterrâneas era ainda pior. Os atletas tinham que passar duas vezes pelo Jânio Quadros. Desde 2011, contudo, o trecho foi substituído pela travessia na ponte Cidade Jardim.

José Telles, que correu a maratona olímpica em Pequim-08, já se beneficiou do túnel Tribunal de Justiça.

"O queniano que liderava diminuiu o ritmo na subida para sair do túnel, me aproveitei e o ultrapassei para terminar em primeiro", contou Telles, sobre a prova em que foi campeão, sete anos atrás.

A organização não vê problemas na quantidade de vias subterrâneas no trajeto.

"Não tem tanto túnel assim", defendeu Manuel Garcia Arroyo, diretor técnico da maratona paulistana. "Se nós não fechássemos esses túneis teríamos que interromper outras vias importantes da cidade, não seria saudável para São Paulo", justificou.

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