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Rodrigo Bueno

Jekyll e Hyde

Difícil achar um craque atual que não "tomou" a fórmula e sofreu com torto rótulo de jogador de clube

"ELE não joga na seleção o que joga no clube."

Confesso estar cansado de ouvir isso. E rir disso. O clichê de que Messi é um no Barcelona e outro na seleção argentina levou um "cala-boca" com as últimas apresentações do melhor do mundo por seu país, notadamente os três gols ante o Brasil.

Pior que não se informar direito sobre a trajetória de Messi com a camisa argentina (o cara ganhou Mundial júnior sendo Bola e Chuteira de Ouro, conquistou ouro em Pequim e está a só oito gols de Maradona pela Albiceleste), é martelar um rótulo até que, de repente, um jogo qualquer mude tudo (até o próximo jogo, talvez).

A Euro começou com comentários repetidos sobre o fiasco constante de Cristiano Ronaldo na seleção portuguesa. É bom lembrar que, na única Euro em que os lusos foram à final, o craque do Real Madrid integrou o time ideal da competição. Na Copa-2006, quando Portugal teve sua melhor colocação desde 1966, CR7 só ficou alijado do prêmio de melhor jogador jovem da disputa devido ao imbróglio nas quartas contra a Inglaterra (nenhuma questão técnica). Está a sete gols de igualar Eusébio pela Selecção das Quinas e fez a melhor atuação solo desta Euro.

E Ibrahimovic? "É a fera sueca, mas não joga nada pela Suécia, apenas em clubes", ouvi.

E Gerrard? "Um jogador fenomenal, mas que só rende no Liverpool; nesta Euro, está um pouco melhor porque já está mirando sua despedida do English Team", ouvi também.

Van Persie? Faz um caminhão de gols na Premier League e mal toca na bola pela Holanda. Ok.

E Balotelli? Só ele se acha, pobre da Itália que confiou nele, que mal brilha em clubes. Beleza.

Lewandowski, Mario Gomez, Rooney, Shevchenko... Todos fizeram gols por suas seleções nesta Euro, mesmo com a fama de renderem mais em seus clubes. Outros do tipo, como Cech e Fàbregas, tiveram seus momentos de brilho. Ou não.

Mas é aí que vem a questão: será que quem joga mais pela seleção do que pelo clube não é uma exceção? Bendtner estaria nesse time, talvez Huntelaar, o velho Denílson...

Neymar, já o segundo maior jogador da história do Santos (na minha mascarada opinião), naufragou num Mundial sub-17 e numa Copa América. Brilhou num apagado Sul-Americano sub-20 e já convive com o tal blá-blá-blá de que é um no clube e outro na seleção (até ganhar o ouro em Londres... ou não). E é óbvio tudo isso: na seleção há outros companheiros, outro técnico, menos treinos etc. Só esse Neymar, o do Santos e o do Brasil, pode dar a Copa-2014 ao país.

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