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Desta vez, não

Sem sinais de desgaste, Neymar se movimenta, volta a marcar, mas, isolado, não faz a diferença e tem maior baque de sua curta carreira

ADRIANO WILKSON
DE SÃO PAULO

Neymar jogou mais que todo o Santos. Correu, dividiu, abriu espaços, lutou contra uma marcação fortíssima e foi a única alternativa de ataque que sua equipe exibiu ontem, na semifinal da Libertadores, no Pacaembu.

Não foi suficiente. O empate e a eliminação para o arquirrival se tornou o maior baque da curta carreira do astro do Santos e da seleção.

O atacante até voltou a marcar, o que não ocorria desde a final do Paulista, há um mês e meio, contra o Guarani. Mas não foi o jogador espetacular que encanta o país. E também ficou claro que Neymar sofre por não ter auxílio de companheiros de nível semelhante ao dele.

Antes do jogo, o atacante tinha muito a provar sobre sua capacidade de decisão.

No ano passado, havia carregado o time nas costas na conquista do tri da Libertadores. Esperava-se o mesmo ontem. E Neymar tinha um problema a mais. Há três jogos, não conseguia fugir da marcação implacável sobre ele.

Não marcava gols nem dava assistências, irritava-se com zagueiros e volantes.

Neymar resolveu o problema de um jeito simples: se mexendo. Acostumado a jogar pela esquerda, jogou ontem por todo os lados.

O primeiro gol do jogo começou a nascer quando ele estava na direita. E terminou quando já caía pela esquerda, ele e o gol, esperando para receber a bola de seus pés.

Alguns segundos antes, Neymar ganhara a disputa com Alessandro no meio de campo. Foi uma das poucas vezes em que isso aconteceu.

Livre, correu para o meio, abriu a jogada na direita e mudou para a esquerda para desviar a bola às redes.

Mas estar em todos os cantos também trazia perigos: quando foi buscar a bola na defesa, Neymar saiu errado, perdeu a disputa, ofereceu contra-ataque e quase transforma uma jogada simples em gol para os corintianos.

A movimentação que o atacante apresentou contraria os diagnósticos de que ele estaria desgastado pela série de jogos. Ontem, Neymar não deu os sinais de exaustão que dera no jogo da ida, na Vila.

O problema era que o Santos estava completamente desarticulado. Não foi um time.

E teve vários e velhos problemas: falta de criatividade, nervosismo, poucas alternativas ofensivas e erros de passe. Neymar era a solução parcial para alguns deles. Mas não conseguia ser para todos.

Com a partida se encaminhando para o fim e a eliminação ficando mais clara, o Santos se apagou em desespero. E Neymar, junto.

Para piorar, ele não tinha a companhia de Paulo Henrique Ganso, que fez uma de suas piores partidas no ano.

Jogando recuado no meio, quase como um volante, deixava Neymar muitas vezes sozinho no ataque. Não houve tabelas entre os dois. A aproximação com Alan Kardec e Borges não era suficiente para produzir boas jogadas.

Ao final da partida, abatido pelo grito dos 36 mil corintianos, Neymar ainda teve fôlego para separar o início de uma briga entre seus companheiros e o trio de arbitragem.

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