Torcer

Um são-paulino vestindo a camisa do Boca, ao lado de dois argentinos também de azul e amarelo, mas que não torcem pela equipe. Os três assistem à final num restaurante que é reduto -e está cheio- de palmeirenses.

Na mesa ao lado, três homens com a camisa do Vasco também secavam o Corinthians. A noite paulistana reuniu tipos diferentes para praticar o anticorintianismo.

Ignacio Nacho, 28, e Martin Avaro, 27, estavam meio sem querer por ali. Radicados no Brasil, são amigos de um produtor do programa "A Liga", da TV Bandeirantes, e foram convidados a torcer pelo Boca para o programa que vai ao ar na próxima terça. Não importa que Nacho torça pelo Independiente, e Avaro, pelo Belgrano de Córdoba.

Eles ensinaram os brasileiros a cantar músicas que são ouvidas na Bombonera.

O são-paulino Rogério Rocha aprendeu os cantos antes mesmo de chegar ao restaurante. Ele já pensava, nas últimas semanas, sobre o que faria para mostrar todo o seu anticorintianismo. Resolveu pintar o carro, um Del Rey 85, com o nome do time argentino e as cores do clube.

"O problema é que vou ter que deixar o carro em casa por um tempo. Estou sem dinheiro para pintar novamente", disse. Realmente um problema, já que ele mora na zona leste, reduto corintiano.

Proprietário do restaurante, Izidoro Lopretto Filho questionava a pesquisa Datafolha publicada ontem pela Folha que apontou que 31% dos palmeirenses torceriam pelo Corinthians ontem.

"São pessoas que não acompanham futebol", afirmou. A mesma pesquisa, realizada entre segunda e terça-feira, apontou que a zona oeste, onde fica o restaurante, é a parte da cidade de São Paulo com mais palmeirenses, com 17% dos moradores.

Aliados da organizada Mancha Alviverde, membros da sede paulista da Torcida Jovem do Vasco foram convidados para ver o jogo ao lado dos palmeirenses e argentinos. Ficaram mais contidos do que os outros, mesmo quando o Boca marcou o gol. No fim, esperança que o Boca jogue melhor fora de casa.