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Madeirada

Rumo a Londres, Bellucci bate bola com raquetes de madeira do 1º brasileiro a jogar em Wimbledon

Adriano Vizoni/Folhapress

MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO

Passaram-se mais de cem anos desde a última vez em que o torneio de tênis dos Jogos Olímpicos encontrou a grama do All-England Lawn Tennis & Croquet Club.

Palco da disputa de tênis da Olimpíada de Londres de 1908, o mesmo local que recebe anualmente o centenário Torneio de Wimbledon sediará a competição deste ano.

A abertura dos Jogos londrinos será em 27 de julho.

E um mês depois de ser eliminado na estreia do Grand Slam londrino, o brasileiro Thomaz Bellucci, 24, volta a jogar a Olimpíada -há quatro anos, esteve em Pequim.

De Londres-1908 até os Jogos-2012, o tênis ficou fora do programa olímpico de 1924 a 1988. E uma das principais mudanças no período foi no equipamento dos atletas.

A madeira foi substituída por materiais sintéticos, de alta tecnologia, que deixam as raquetes mais leves, resistentes e ajudam na precisão.

Convidado a visitar o passado, Bellucci bateu bola com raquetes de madeira de Alcides Procopio, o primeiro brasileiro a jogar em Wimbledon, em 1938. O ex-tenista morreu em 2002, aos 86 anos.

"O tamanho da raquete é quase o mesmo do da minha, mas essa é bem mais pesada e com a cabeça bem menor", afirmou Bellucci na Sociedade Harmonia de Tênis, em São Paulo, ao ter o primeiro contato com as raquetes usadas até os anos 50 pelo hexacampeão sul-americano.

As raquetes dos profissionais, atualmente, pesam entre 300 e 400 gramas. As de Alcides, cerca de 500 gramas.

Filho de imigrantes italianos, Alcides passava as tardes perto das quadras do Harmonia porque seu pai, Domingos, arrendava o bar do clube. O garoto esperava alguém da alta classe paulistana se cansar para conseguir uma oportunidade de jogar.

Em casa, brincava de tênis com pedaços de madeira.

"Flexibilidade, potência, é bem diferente e difícil gerar efeito com esta raquete. Mas a velocidade do jogo também era bem menor. Fisicamente o tênis exige mais hoje, as dificuldades são outras."

De volta ao presente, as últimas semanas quase tiraram o tenista número um do Brasil da Olimpíada. Em 80º lugar no ranking mundial, Bellucci precisou de um convite da ITF (Federação Internacional de Tênis) para entrar nas chaves de simples e duplas (com André Sá).

"A chance de defender o país traz uma sensação diferente. Ir para a segunda Olimpíada é um grande marco na minha carreira", concluiu.

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