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Edgard Alves

Batalha de derrotados

Não é a 1ª vez que um impasse por patrocínio provoca saia justa na delegação brasileira

Jade Barbosa, uma das principais estrelas da seleção nacional de ginástica, está fora da Olimpíada de Londres, que começa no próximo dia 27. A não inclusão do nome dela entre os integrantes da seleção do Brasil é uma mancha negativa para o esporte nacional por se tratar de uma das principais atletas da modalidade.

E tudo por causa de uma disputa obscura, que deve esclarecimentos, já que o governo brasileiro tem investido alto no setor, e dinheiro público pede transparência.

Inicialmente, a ginasta se recusou a assinar um termo de compromisso sobre o uso de uniformes e marcas nos Jogos. Por conta disso, deixou de participar de algumas competições e não se apresentou à seleção. Depois, ela voltou atrás e assinou o documento. Mesmo assim ficou fora da lista.

Acompanhei o imbróglio pelos meios de comunicação. A atleta apelou para que fosse incluída na equipe, mas não revelou os motivos do impasse. Apenas manifestou sua incompreensão, já que a parte burocrática estaria resolvida.

Cesar Barbosa, pai e empresário da ginasta, pediu que a CBG deixasse de tratar o caso como um "problema pessoal". O supervisor da CBG negou que o problema tinha a ver com um desacordo entre o patrocinador pessoal de Jade Barbosa, o BMG, e o da CBG, a Caixa Econômica, que são instituições bancárias concorrentes.

Não é a primeira vez que um impasse por causa de patrocínio provoca saia justa na delegação brasileira. Em Sydney-2000, o tenista Gustavo Kuerten acabou participando dos Jogos sem patrocínio estampado no uniforme, fórmula que neutralizou a intenção dele de jogar com a marca de seu fornecedor de material na época, a Diadora, e a exigência do COB para que fosse cumprido o contrato da entidade com a Olympikus, a patrocinadora oficial da delegação.

O ex-tenista afirma que o atleta perde o controle, ou seja, quer honrar o compromisso com seu patrocinador mas se defronta com uma situação sem saída. Houve casos específicos de confederações, como a do futebol e a do atletismo, dispensadas da obrigação com parceiros do COB.

Pela escassez de esclarecimentos neste impasse da ginástica, é difícil avaliar qual o respaldo das partes, ou até se ambas contam com argumentos sólidos. Mas estou convencido de que foi uma batalha de derrotados.

Enfim, do jeito que o fatos se desenrolaram, todos perderam: patrocinadores, CBG, atleta e delegação brasileira (leia-se COB). Faltou transparência, algo imprescindível num país que abrigará a Olimpíada em 2016.

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