Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cautela e êxtase

Em galpão de São Paulo, cerca de 5.000 palmeirenses vibram com fim da seca, vaiam música de rival e dedicam troféu a quem comparou time à Portuguesa

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

Longe, bem longe de Curitiba, os gritos de campeão começaram a ecoar dentro de um galpão na Barra Funda passados pouco mais de 35 minutos do segundo tempo.

O gol que selou a conquista da Copa do Brasil saiu antes, aos 20min. Naquele momento, com o 1 a 1 no Couto Pereira, só o desastre de uma derrota por 4 a 1 para o Coritiba evitaria que uma nova taça descansasse, finalmente, no Parque Antarctica.

Mas precaução nunca é demais, principalmente para quem há tanto tempo não celebrava um conquista com tal relevância -o Paulista de 2008 só amenizou a sede.

Foram 15 minutos até que a cautela fosse para o espaço. Diante de cinco telões, espalhados pelo espaço organizado pelo Palmeiras na zona oeste, reduto alviverde da cidade, cerca de 5.000 torcedores comemoram a conquista.

A vantagem de 2 a 0 construída pelo Palmeiras na primeira partida da final, há uma semana, praticamente extinguiu traços de tensão. Mas não os de ansiedade. Afinal, eram 14 anos desde o último título nacional relevante, a mesma Copa do Brasil.

"Esse troféu será para aqueles que disseram que o Palmeiras estava se tornando uma Portuguesa", bradou no microfone um dos animadores que passaram pelo palco montado no lugar.

Era claro e quase palpável o incômodo com o jejum de troféus e pelas piadas rivais, ainda mais dadas as circunstâncias da última semana.

Teve quem piorou a situação: contratada para animar os torcedores antes do jogo, uma banda com repertório de formatura cometeu uma gafe imperdoável para a situação ao tocar uma música que virou hit entre os corintianos.

"Não Quero Dinheiro", de Tim Maia, ganhou as arquibancadas do Pacaembu com uma versão de exaltação ao Parque São Jorge.

Ontem, foi interrompida no meio, sob vaias, com uma mea-culpa cômica, não fosse (quase) trágica. "Ah, é", lamentou a vocalista do grupo musical. Os apupos foram trocados por xingamentos.

Sem gols, o primeiro tempo manteve o clima no lugar. Mas aí Ayrton acertou a bola na rede palmeirense e fez surgir aquela tensão escondida.

Cada um ali viu um filme na própria cabeça. A fila, as piadas, as cobranças, as comparações com a Portuguesa.

Não passou de um curta-metragem. A comemoração começou quando Mazinho foi derrubado perto da área. A cobrança de Marcos Assunção e o toque de Betinho fizeram com que copos de cerveja fossem atirados ao alto.

"O gigante está vivo", voltou a gritar aquela mesma voz antes incomodada com os paralelos entre o Palmeiras e o clube do Canindé.

O gigante clube nunca foi dado como morto, mas essa reafirmação parece ter vindo a calhar ali, nas redondezas do Palestra Itália.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.