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Tostão

Novos tempos

O futebol do país, que deveria ser o centro de excelência técnica, vai para outros caminhos

No passado, os craques eram as únicas estrelas do futebol. Com o tempo, surgiram outros personagens badalados, como treinadores, investidores, empresários, agentes dos técnicos e dos atletas e, agora, marqueteiros.

Não tenho nada contra o marketing. Pelo contrário. É uma atividade digna, importante e necessária. Acho apenas que os marqueteiros são excessivamente otimistas.

Quando chega um contratado, jogador comum, como Marcelo Moreno, no Grêmio, é anunciado como um craque, uma celebridade.

Quando Ronaldinho chegou ao Flamengo, venderam a ilusão de que ele era ainda um magistral jogador. O torcedor acreditou. Como o time não agradava, Ronaldinho era o mais vaiado, mesmo quando era o destaque. No Atlético-MG, como a expectativa é menor, ele ganha menos, e o time tem vencido. Ele é aplaudido, mesmo jogando menos que no Flamengo.

As novas estrelas são Seedorf e Forlán. Parece que chegaram o Seedorf dos melhores momentos e o Forlán da Copa de 2010. Seedorf tem sido mais badalado que Forlán. O marqueteiro do Botafogo deve ser mais otimista. Forlán, por ser mais jovem, tem mais chance de jogar bem por mais tempo.

Nos últimos anos, jogadores famosos e caros, contratados pelos times brasileiros, vieram porque não tinham mais lugar nas melhores equipes da Europa. Muito melhor jogar aqui do que na China, na Rússia, na Ucrânia, nos países árabes e em outros lugares. Da mesma forma, não há mais razão dos jovens e bons jogadores brasileiros, como Paulinho, irem para esses países periféricos.

Mesmo veteranos e em fim de carreira, a maioria desses jogadores, por terem sido excepcionais, ainda são destaques nos times brasileiros. O mesmo deve ocorrer com Seedorf e Forlán. Isso justifica suas contratações, desde que os clubes paguem também suas dívidas e impostos. A Timemania, criada para isso, foi um grande fracasso.

O que mais me preocupa é ver que o futebol brasileiro, hoje tão badalado, que deveria ser o centro de excelência técnica no mundo, formador dos maiores craques, grande produtor de trabalhos, é, cada vez mais, uma indústria de negócios, de celebridades, do espetáculo e do entretenimento.

Grave, vergonhosa, é a confirmação do suborno recebido por Ricardo Teixeira e João Havelange. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que suborno não era crime. E o presidente atual da CBF, José Maria Marin, fala que Ricardo Teixeira continuará recebendo R$100 mil por mês pelo cargo de assessor da entidade. Lamentável!

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