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Murer usa o tédio pelo ouro olímpico

2012 Atleta conta à Folha que se tranca na Vila antes da prova para ter vontade de saltar muito na hora certa

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A MÔNACO

Treinar com Ielena Isinbaieva ensinou à saltadora com vara Fabiana Murer, 31, que a russa não é imbatível.
Competir em alto nível por quase uma década a ensinou a pensar só em si mesma. E também a ensinou a usar o tédio como preparação.
É depois dessas lições e "na melhor forma" de sua vida que a brasileira chegará a Londres como uma das favoritas ao ouro. Hoje, ela compete em Mônaco. Ontem,
conversou com a Folha.

Folha - Sua idade é a ideal para a saltadora?
Fabiana Murer - Sim, eu me sinto na melhor forma da minha vida inteira. Fisicamente e mentalmente, aprendi.

O que você tecnicamente pode melhorar para se aproximar dos 5 metros?
Posso usar mais a flexibilidade da vara. Consigo envergar mais a vara. Se ela ainda estiver assim quando passar o sarrafo, vai me jogar mais alto. Para isso, tenho que ter melhor técnica na corrida, na entrada [da vara no chão], na reversão [giro do corpo para passar por cima do sarrafo]...

Quanto você faz de trabalho de força para tudo isso?
Faço musculação, treino ginástica artística, exercício de postura e força. Às vezes, faço seis abdominais tão difíceis que quem faz mil não consegue fazer o meu.

Como está sua cabeça em relação a Pequim-2008?
Naquela primeira Olimpíada, eu tinha saltado mais, uns 4,80 m. Neste ano, saltei 4,77 m. Eu estava muito confiante na final, mas sabia que seria muito difícil porque não era consistente nos meus resultados. Hoje, sou.

Vendo você ao lado da Isinbaieva, ela tem uma postura bem forte, no olhar e nos ombros. Você está ficando parecida. Acabou a intimidação?
Acho que sim. É normal. Na primeira vez em que vim para Mônaco, fiquei deslumbrada com tudo. Fui tomar café no topo do hotel, e a vista era maravilhosa. Agora, é tudo normal: encontrar grandes atletas como a Ielena... Não me sentia menos, mas não tinha essa confiança.

É autoconfiança?
Sim. O atleta tem que pensar só nele. Não pode ficar preocupado com os outros. Não pode ficar preocupado em encontrar alguém na Vila [Olímpica]. Nos Jogos, tem que manter foco. É tudo muito grande. Antes das competições, gosto de não fazer nada, ficar no quarto, ficar de saco cheio, entediada. Para chegar à competição e ter a sensação de que não posso ficar parada. Para ter vontade de saltar, muita vontade!

Apesar de sua confiança, Isinbaieva é a rival a ser batida?
É a grande favorita. Tem outras cinco ou seis atletas muito boas que vêm forte.

Por que ela é favorita?
Ela é mais forte do que eu, mais veloz do que eu e tem boa técnica. Tem cabeça forte. Favorita pela experiência.

Mas ela não vem saltando 5 metros...
Está mais equilibrado de dois anos para cá.

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