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Eldorado

Crise mundial e mercado nacional aquecido fazem do Brasil paraíso para veteranos estrangeiros e atraem interesse de empresários internacionais

BERNARDO ITRI
DO PAINEL FC
RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

"O mercado do futebol é parecido com o de investidores e corre atrás de quem está pagando 'crazy money'."

A declaração do advogado Marcos Motta, especialista em transferências internacionais, explica como o Brasil se transformou no eldorado para sul-americanos em ascensão e, agora, em um rico refúgio para os últimos chutes de estrangeiros consagrados.

A janela para contratações de atletas vindos de outros países, que termina hoje, trouxe ao país jogadores que até pouco tempo atrás os torcedores nem imaginavam poder ver sem ser pela televisão.

O Botafogo fechou com o holandês Seedorf, 36, vencedor da Copa dos Campeões por Ajax, Real Madrid e Milan. O Inter trouxe o uruguaio Forlán, 33, eleito o craque da Copa do Mundo-2010. E o Corinthians buscou o peruano Guerrero, 28, artilheiro da última Copa América e de carreira sólida na Alemanha.

A combinação crise econômica na Europa, mercado aquecido no Brasil e possibilidade de exposição recorde por ser sede do Mundial de 2014 chamou a atenção de empresários que trabalham no mercado internacional.

O francês Malouda, 32, campeão europeu com o Chelsea, foi oferecido por seu agente, o ex-zagueiro Cláudio Caçapa, ao Santos. Já o Flamengo foi procurado por intermediários ligados ao italiano Del Piero, 37, ídolo da Juventus, e ao marfinense Drogba, 34, que acabou se transferindo para a China.

Seedorf e Forlán, antes de acertarem as vindas ao Brasil, eram nomes que já circulavam pelo mercado nacional. O holandês havia sido indicado ao Corinthians. E o uruguaio esboçou iniciar negociações até com o Grêmio.

"O fluxo se inverteu. As coisas estão funcionando assim. Nos ofereceram cinco estrangeiros de times grandes da Europa. São jogadores de seleção, que todos conhecem", afirma o gerente de futebol do Palmeiras, César Sampaio.

Em média, atletas desse calibre pedem salários na casa de € 2 milhões por ano, ou cerca de R$ 400 mil mensais.

O valor passa longe de ser proibitivo para o mercado brasileiro, que desembolsa até mais para ter Neymar, Deivid, Fred, Deco, Thiago Neves e os técnicos Luiz Felipe Scolari e Muricy Ramalho.

"Os salários que pagamos hoje são quase iguais aos da Europa", falou o presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares.

Mas há quem, aproveitando a euforia do mercado brasileiro, exagere. O Santos desistiu de negociar a liberação de Malouda com o Chelsea ao saber que o meia desejava receber R$ 900 mil por mês.

"Vivemos uma bolha por causa da Copa-2014. Ela vai estourar", alerta o mandatário do Grêmio, Paulo Odone.

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