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Atletas dos EUA recorrem a treino militar extremo

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Nenhum outro país ganhou tantas medalhas e tantos ouros quanto os EUA. Após ser ultrapassada pela China no quadro de medalhas de Pequim-08, a maior potência do esporte olímpico mundial recorreu à elite da Marinha americana para fortalecer psicologicamente seus atletas para Londres.

No último ciclo olímpico, esportistas de 12 modalidades -entre os quais o multimedalhista da natação Michael Phelps- enfrentaram ao menos uma sessão do programa comandado pelos Navy SEALs, principal força naval de operações especiais dos EUA. A sigla da unidade é derivada de sua capacidade em operar no mar (sea), no ar (air) e em terra (land).

Cada sessão se estende por quatro horas. Pode não parecer tanto tempo, mas uma boa parte dos atletas não consegue completá-la. "O treinamento coloca os atletas fora da zona de conforto", disse Wendy Borlabi, psicóloga do Usoc, o Comitê Olímpico dos EUA. "Conforto é estar aquecido em um local coberto. Então, você é testado em uma situação em que você está molhado em local aberto."

A última equipe treinada pelos SEALs foi a de vela. Dos 42 iatistas que participaram do programa, só 18 completaram todas as tarefas.

Geralmente a sessão se inicia dentro de uma sala de aula, na qual um oficial ensina como manter a força mental em situações adversas.

Uma das lições é criar minimetas. O atleta é estimulado a pensar no próximo passo e não apenas no objetivo final. Além disso, há dicas para trabalhar a respiração e, assim, controlar a ansiedade.

Depois, os atletas vão a campo e são levados à exaustão. Têm de carregar toras, mergulhar em lagos de água muito fria, rolar na lama para se esquentar, correr e fazer inumeráveis flexões. Alguns xingam os oficiais, outros chegam a chorar com o frio.

Apesar de ser uma unidade exclusiva para homens, o SEALs também conquistou defensoras entre as atletas.

"Eu sempre pensava em quão longe eu poderia ir, quantas tarefas poderia cumprir. O treinamento me fez ultrapassar os meus limites. Me sinto mais forte", disse a velejadora Paige Railey, que fará sua estreia olímpica.

Para a atleta, que compete na laser radial, o treinamento foi importante para prepará-la para as condições hostis do mar de Weymouth, cidade que abrigará as disputas de vela durante os Jogos.

"Durante os nossos treinos com os SEALs, ventava bastante e passamos muito frio. Aqui, em Weymouth, também venta muito e está frio, mas, quando paro para pensar, não está tanto assim. Enfrentei condições bem piores", diz Railey, sexta do mumundo em sua classe.

Uma das maiores entusiastas do programa é a própria psicóloga, que trabalha há dois anos no Usoc e, desde então, incentiva as equipes a participarem das sessões. "É a melhor forma de motivar os atletas. Se não for, pode-se dizer que o programa é, ao menos, muito bem sucedido."

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