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Ginasta só recebe argola no fim do ciclo

2012 Aparelho como o de Londres chegou a Arthur Zanetti há 3 meses

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Maior candidato da ginástica brasileira a conquistar medalha em Londres, Arthur Zanetti treina com argolas iguais às que serão usadas na Olimpíada há só três meses.

Recebeu o aparelho do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) após um pedido de seu técnico, Marcos Goto. Segundo ele, ajudaria se o aparelho tivesse chegado antes.

Não faltou dinheiro. Em 2010 e 2011, a CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) recebeu R$ 7,214 milhões do governo federal para comprar equipamentos de ginástica.

"Até agora não chegou nada para a gente", disse Goto, que lembrou que o material do esporte "é muito caro".

A CBG contribui para Zanetti com o empréstimo de um tablado de solo para o ginásio do Serc Santa Maria, seu clube em São Caetano.

"Não tinha o tablado até o Zanetti conseguir o primeiro bom resultado no solo. Eu peço, mas tem a burocracia no país", observou Goto.

Até o início do ano, as argolas usadas pelo ginasta não eram iguais às olímpicas, mas eram equipamentos de bom nível internacional. Foram bancadas pelo Serc e pela associação de pais do clube.

O atleta também usou argolas feitas pelo seu pai, Arquimedes, que é serralheiro.

O aparelho de nível olímpico chegou quando Zanetti foi incluído no Time Brasil, projeto do COB para a elite dos esportistas nacionais.

Para Goto, no Brasil, atleta só consegue apoio quando chega ao topo. Antes, ele treinou o ginasta desde 1998 com o que havia disponível no clube. Assim, Zanetti foi vice-campeão mundial em 2011.

Com essas condições e resultados, Goto admitiu que o pupilo é uma flor no deserto.

"A aparelhagem que eu usava no início era de terceira linha. Há uns sete ou oito anos, começaram a mudar os aparelhos", contou Zanetti.

Mas ele sempre teve acompanhamento de um psicólogo e uma nutricionista.

Hoje, além dos equipamentos novos, o ginasta é submetido a exames bioquímicos e avaliações do equilíbrio do corpo feitos pelo COB.

Sem querer falar em medalha, o ginasta acredita que um bom desempenho em Londres-2012 pode incrementar a realidade do esporte.

"Alcançando bons resultados, beneficia-se toda a ginástica", afirmou Zanetti. "Antes, a ginástica masculina contava só com um atleta. Agora, são três. Em 2016, poderemos ter uma equipe."

Na visão de seu treinador, a meta de desenvolver uma equipe é plausível. Porém

Goto não acredita que há chance de transformar o Brasil numa potência da modalidade em quatro anos. "Leva muito mais tempo para formar um atleta desses."

A reportagem da Folha tentou sem sucesso contatar representantes da CBG.

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