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TPM

Inimigo silencioso faz comitê brasileiro induzir atletas a usar métodos que cessam menstruação

MARIANA BASTOS
MARIANA LAJOLO
ENVIADAS ESPECIAIS A LONDRES

Durante os 16 dias da Olimpíada, as mulheres que competem terão de lidar com um inimigo silencioso, mas que poderá afetar imensamente seu rendimento. O vilão da prática esportiva feminina é conhecido por uma sigla: TPM (tensão pré-menstrual).

Alterações de humor, cólicas, dores no corpo e inchaço estão entre os sintomas que mais afetam as atletas. Para combatê-los, muitas decidiram parar de menstruar.

Pela primeira vez, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) incluiu em sua equipe médica olímpica uma ginecologista. Tathiana Parmigiano já havia trabalhado com a delegação no Pan de 2011.

"Entre as ações dela [Tathiana Parmigiano] junto com a equipe brasileira estão induzir a não menstruação, acertar o momento de menstruar para o período complicado da competição. São várias estratégias. Tem gente que toma pílula o tempo todo. Tivemos resultados interessantes com implante", afirmou Breno Schor, médico da confederação de judô.

Esse é o caso da nadadora Joanna Maranhão. Ela sofria com dores, TPM e mal-estar. Há dois anos, procurou o médico e decidiu parar de menstruar. Começou a usar o implante, que interrompe a menstruação por três meses.

"O implante ajudou bastante a Joanna com as dores e o desconforto, mas na TPM não melhorou não", brincou sua técnica Rosane Carneiro.

Nos esportes de equipe, o desconforto provocado pela TPM é coletivizado.

"Sempre há uma jogadora dominante do grupo que faz com que todas menstruem ao mesmo tempo", afirmou o ginecologista Eliano Pellini, que deu palestras para a seleção feminina de vôlei.

Em Pequim-2008, a equipe comandada por José Roberto Guimarães usou pílulas para parar de menstruar. E ganhou a medalha de ouro.

"Isso me ajudou muito porque descobri que tinha anemia durante o período menstrual, o que acabava com a minha resistência em quadra. Além disso, ainda sofria de TPM. Tudo melhorou", disse a capitã da equipe, Fabiana.

Para Londres, Pellini indicou pílulas adequadas ao perfil emocional de cada atleta.

"Há pílulas com citrato de ciproterona que podem dar ganho de peso e um aspecto mais depressivo. As que estavam usando essa substância foram levadas a mudar de pílula", disse o ginecologista.

Ele ainda citou outros casos de pílulas inadequadas, como as que provocam dor no seios e tiram a agressividade da atleta. "Imagine uma líbero que recebe boladas o tempo todo? E se ela ficar menstruada logo na final?"

Segundo ele, entre 10% e 12% das atletas usavam métodos inadequados.

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