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Quadra de areia agora tem gigantes de 2,00 m

VÔLEI DE PRAIA
Crescimento de atletas muda dinâmica do esporte

MARIANA BASTOS
MARIANA LAJOLO
ENVIADAS ESPECIAIS A LONDRES

O esporte democrático, que qualquer um pode praticar, de jogo cadenciado, muitas defesas e ralis emocionantes já está ficando no passado.

O vôlei de praia importa cada vez mais para a areia uma transformação radical que já há algum tempo havia atingido sua versão da quadra.

Agora, jogadores de 2,03 m, como o brasileiro Alison, já são considerados o padrão.

O jogo ficou mais físico, baseado na força do ataque e na truculência do bloqueio. Há pouco espaço para o improviso, para o "jeitinho".

"É uma evolução visível. De Pequim [2008] para cá, surgiu uma geração de atletas muito altos. Antes, o bloqueio era só uma forma de fazer a marcação do ataque. Hoje, tornou-se uma arma para fazer pontos", diz Emanuel.

O veterano jogador de 39 anos e 1,90 m, campeão em Atenas-2004 e bronze em Pequim-2008, tem tido de adaptar seu jogo ao novo esporte.

Quando o vôlei de praia estreou nos Jogos de Atlanta, em 1996, os medalhistas de ouro foram Karch Kiraly (1,88 m) e Kent Sttefens (1,93 m).

"Mudei meu estilo desde que comecei a jogar com o Alison. Estou me adaptando a esse estilo, em que prevalece a força", afirma Emanuel.

Alison tem 2,03 m e já faz parte de uma geração que se formou jogando na areia. Antigamente, os jogadores se formavam na quadra e só depois mudavam para a praia.

Para o norte-americano Phil Dalhausser, 32 anos e 2,06 m, campeão em Pequim-2008, a transformação no esporte acontece principalmente por um investimento maior dos países nas equipes de vôlei de praia.

"As federações estão vendo que há mais chances de ganhar medalha olímpica na praia. Você tem dois times de homens e mulheres, são quatro chances. Na quadra, são só duas", afirma o jogador.

Mesmo com seus 2,06 m, o norte-americano se impressiona com o físico de novatos como Alison, de 27 anos.

"Emanuel e Alison são os melhores do Brasil. Alison é uma aberração da natureza", brinca o jogador.

"Ele é alto, grande, parece um jogador da NFL [liga de futebol americano dos EUA]. Ele é jovem, ainda está aprendendo o jogo. Tem muito a aprender e evoluir."

Mas a adaptação dos gigantes à areia não é simples. A quadra de vôlei de praia é menor, e o esporte, por ser jogado só em duplas, exige mais agilidade para a defesa.

"Quando você é tão alto, saltar não é a questão, é como você se move, defende, abaixa para fazer o passe e consegue se deslocar para atacar", afirma Dalhausser.

"Por enquanto, os grandalhões estão indo bem, mas ainda há adaptações a serem feitas. Nos próximos dez anos, essa será a realidade."

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