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Rodrigo Bueno

Cavaleiros, Unidos...

Reativação da seleção britânica, pena, acontece de forma burra e quando os Rangers morrem

A NOTÍCIA mais legal do futebol internacional neste ano (sem contar títulos inéditos, invictos e coisas do tipo, se essa conquista for do seu time, claro) foi a reativação da seleção britânica. E a notícia mais lamentável do futebol em 2012 (sem contar mortes, tragédias, corrupção e coisas do tipo, claro) foi a quebra do tradicional Glasgow Rangers, um dos dois grandes da Escócia.

O que esses dois fatos têm a ver um com o outro? Nada. E tudo! O gigante escocês não cedeu nenhum jogador para o Team GB, como é conhecido o "selecionado britânico". Isso já era algo esperado, embora muitas personalidades, notadamente políticos, tenham incentivado uma real seleção da Grã-Bretanha. Mas eu duvido que os Rangers teriam sofrido essa épica derrocada se jogassem na milionária e badalada Premier League.

Não faz tanto tempo, discutiu-se a possibilidade de times escoceses atuarem nas ligas da Inglaterra, como acontece com o galês Cardiff, por exemplo. Todos entendiam que seria algo bom para todos.

A Premier League passaria a ter aquele que talvez seja o clássico de maior rivalidade do planeta (Celtic x Rangers), e as duas nobres agremiações fariam parte, enfim, de uma liga nacional forte, respeitada e deveras lucrativa. Uma simples mudança para o bem foi vista como uma ameaça à soberania. Melhor morrer que se dobrar aos ingleses, pensamento que o Coração Valente de Mel Gibson resgatou no cinema. Enquetes foram feitas com o povo nos últimos meses sobre a possibilidade de montar esse utópico time unido, em caráter especial, por conta dos Jogos. E o resultado foi favorável ao Team GB.

Em 1948, ano da anterior Olimpíada em Londres, coube ao lendário Matt Busby reunir os britânicos para disputar a medalha olímpica no futebol. Neste ano, caberia ao vitorioso escocês Sir Alex Ferguson a honraria de chefiar o esquadrão da Grã-Bretanha, mas a missão foi entregue ao nada memorável Stuart Pearce, já devidamente chamado de burro por Paul McCartney, o Sir que ajudou a embalar a cerimônia de abertura olímpica com melhor trilha sonora da história.

A federação inglesa, que historicamente organiza a seleção britânica, entrou em contato com 191 jogadores para sentir se esses aceitariam defender o Reino Unido agora. Desses, "apenas" sete declinaram. A lista de selecionáveis foi sendo cortada até sobrarem os 18 cavaleiros que ficarão na história, mesmo se não levarem medalhas. São 13 ingleses e 5 galeses, talvez os últimos a defender o Team GB, talvez os que irão deixar um legado para que a Grã-Bretanha tenha de novo uma seleção permanente. Triste ironia, os Rangers sempre levantaram a bandeira do Reino Unido. Há tempo de mudar a história.

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