Para COI, Brasil está 30 anos atrasado no combate ao doping

O COI (Comitê Olímpico Internacional) vai exigir do Rio--2016 a criação de mecanismos para espionar e investigar esquemas de doping, como ocorre em Londres.

Há no momento uma insatisfação do comitê com o Brasil em relação às medidas tomadas até agora nesta área.

Na Olimpíada-2012, a polícia britânica envolveu-se na investigação do doping. Apura dados sobre transporte de substâncias proibidas e sobre pessoas e grupos que lidam com os produtos dopantes.

Com informações fruto da investigação, os organizadores dos Jogos esperam fazer testes direcionados para determinados atletas, além daqueles feitos por quase todos.

"Vamos querer esses mesmos recursos [no Rio-2016]. Acho que tem de ser feito o mais cedo possível", explicou Arne Ljugqvist, responsável de doping no COI. Ele disse que o Brasil está atrasado na preparação desta área.

Afirmou que o país não tem legislação suficiente para combater o uso de produtos proibidos. E lembrou que não há laboratório credenciado no momento -o Ladetec, no Rio, passa por reestruturação. "Está 30 anos atrasado [em relação ao doping]."

Só neste ano o governo federal criou uma agência nacional antidoping, outra exigência do COI. Mas o órgão ainda se estrutura.

Uma legislação em relação ao assunto ainda está em discussão preliminar em comissões na Câmara. O país é signatário de documento da Unesco que o obrigaria a penalizar o doping.

É com a nova lei que a polícia poderá se envolver em investigação sobre a área.

Para Ljugqvist, o trabalho de inteligência em relação ao combate antidoping é um "grande desenvolvimento" e uma "inovação" em relação aos Jogos de Pequim-2008.

Não sairá barata a estrutura proposta pelo COI. Em Londres, os custos foram equivalentes a R$ 63 milhões.

No total, a expectativa é que sejam feitos entre 5.000 e 6.000 testes antidoping na Olimpíada. Dois atletas já foram pegos. Pela estimativa do comitê, metade dos esportistas que competirem nos Jogos serão examinados.