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Meia verdade

Após novo revés, equipe feminina de basquete confunde histórico do time que venceu o Mundial-94 para manter viva suas esperanças em Londres

DANIEL BRITO
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

A seleção feminina se apoia em uma meia verdade para se manter viva na Olimpíada. Após sair derrotada de sua segunda apresentação em Londres, por 69 a 59 para a Rússia, as jogadoras deixaram a quadra com um discurso muito bem ensaiado.

"O Brasil foi campeão mundial em 1994 perdendo os dois primeiros jogos", repetiram as alas Chuca e Karla e a armadora Adrianinha.

Na estreia nestes Jogos Olímpicos, no sábado, as brasileiras caíram por 73 a 58 contra as francesas.

Luis Cláudio Tarallo, treinador brasileiro, foi o responsável por passar a informação às jogadoras antes do duelo contra as russas, em uma prova clara de que a derrota de ontem era esperada.

No entanto, a história parece ter sido mal contada ou as brasileiras não assimilaram direito o recado.

A seleção atual tem média de 26,7 anos, logo, algumas atletas tinham oito quando da conquista da seleção. A ala-pivô Damiris, 19, acabara de completar dois anos quando Paula, Janeth e Hortência -hoje, dirigente de basquete feminino- triunfaram.

O Brasil perdeu, sim, em duas oportunidades na histórica campanha do título mundial em 1994, na Austrália. Mas as derrotas não foram nas primeiras partidas. Aquela seleção foi batida pela Eslováquia, na segunda rodada, e para a China, na quinta apresentação do torneio.

"Não mostramos a elas só o caso das duas derrotas de 1994, lembramos de times que terminaram a primeira fase invictos e foram eliminados no primeiro jogo do mata-mata", justificou Tarallo.

Se o Brasil tornar a perder amanhã, contra a Austrália, às 10h30 (de Brasília), vai ficar muito próximo de repetir o fiasco dos Jogos de Pequim-08, quando amargou a 11ª e penúltima colocação, com quatro derrotas consecutivas em cinco partidas.

"Não somos um grupo de jogadoras fracas. Não vamos desistir. Se ganharmos da Austrália, muda tudo", afirmou Karla, antes de citar a seleção campeã de 1994.

Antes do duelo com as russas, a mesma Karla buscou inspiração nas próximas rivais, as australianas.

No jogo que antecedeu o da seleção, o time da Oceania levou o confronto contra a França para a prorrogação ao acertar uma cesta do meio da quadra no estouro do cronômetro. Karla e três parceiras de seleção viram o lance em um monitor na zona mista.

Vibraram com a cesta australiana, e Karla disse às amigas: "É para a gente ver que é preciso acreditar até o fim."

A teoria, contudo, durou pouco mais de três quartos contra a Rússia. As equipes alternaram-se à frente do placar em seis oportunidades.

Mas nos quatro minutos decisivos, o Brasil "deixou de acreditar". Permitiu que as europeias se distanciassem e fechassem o jogo com 69 a 59.

A Austrália, fonte de inspiração de Karla, só "deixou de acreditar" na prorrogação contra a França e acabou derrotada por 74 a 70.

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