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Edgard Alves

No último segundo

Falhas de arbitragem já provocaram muita polêmica em Londres e em outras Olimpíadas

Pequenos erros de arbitragem são costumeiros, banais. Só irritam.

Nesta Olimpíada, porém, várias falhas já provocaram muita polêmica. No último segundo do jogo de polo aquático, vencido por 8 a 7 pela Croácia, os espanhóis protestaram com veemência porque anotaram um gol no final, que a arbitragem não validou. Na véspera, numa cena incomum, a sul-coreana Shin A. Lam ficou sentada na pista, paralisando o torneio de esgrima por 40 minutos, porque não aceitou uma decisão da arbitragem, para a qual vamos dar uma versão aqui.

E, na ginástica, um protesto do Japão mudou um resultado.

Na história olímpica, outras falhas extravagantes já ocorreram, mas uma se destacou, envolvendo um brasileiro, Renato Righetto, juiz principal na final de basquete de Munique-72, quando a União Soviética quebrou a hegemonia dos EUA, por 51 a 50, num controverso fim de jogo. Os EUA anotaram dois lances livres faltando três segundos para o final, virando o placar (50 a 49).

O jogo seguiu, e o técnico soviético protestou, alegando que tinha pedido tempo e que o cronômetro deveria voltar para os três segundos.

Seguiu-se uma confusão. O presidente da Federação Internacional de Basquete, o inglês William Jones, interveio e mandou que os três segundos fossem jogados. Alexander Belov recebeu um longo passe e encestou. Righetto discordou e não assinou a súmula, e os norte-americanos se recusaram a receber as medalhas de prata, que continuam guardadas com o COI.

A confusão na esgrima foi acompanhada de perto por um especialista que pediu para não ser identificado, porque atua na esgrima mundial. Ele a resumiu como "a pior decisão 'mais correta' de um árbitro". Afirmou que nem tudo o que apareceu para o público foi o que realmente aconteceu. E esclareceu que um toque registrado pelo aparelho não pode ser anulado, exceto se houver alguma falta cometida pelo esgrimista que tocou.

Como foi? O tempo não havia acabado, e a juíza não poderia anular o toque decisivo (que definiu a luta a favor da rival de Shin A. Lam) mesmo ela sabendo do erro na cronometragem, operada por uma voluntária dos Jogos. As palavras dele: "A coitada da voluntária, depois de seu supervisor (que estava ao meu lado) dizer 'aperta o botão do tempo', a guria apertou! Só que o match estava parado". Por isso, a juíza pediu para voltar, mesmo sabendo que o "tal segundo" já deveria ter terminado. Na esgrima, o segundo é cheio, sem décimos ou centésimos. A alegação coreana era de que o combate já havia encerrado quando a campeã de Pequim-08, Britta Heidemann, anotou o ponto vencedor. Na apelação, o diretório técnico confirmou a decisão.

Imagine se fosse no Rio.

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