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Viva o gordo

No último dia do judô, Rafael Silva, 168 kg, leva o bronze e ajuda o país a cumprir a meta no esporte

Miguel Medina/France Presse
Rafael Silva, o mais pesado brasileiro em Londres, celebra o bronze
Rafael Silva, o mais pesado brasileiro em Londres, celebra o bronze

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

O judoca Rafael Silva, 25, precisou disputar quatro lutas que foram para o "golden score", o correspondente à morte súbita no futebol, para se tornar o primeiro medalhista olímpico do país na categoria acima de 100 kg.

Foi com seu último judoca a competir na Olimpíada de Londres que a Confederação Brasileira de Judô cumpriu o objetivo que havia desenhado: quatro medalhas no to-tal, sendo uma de ouro, e uma final feminina.

"Me esfolei [com quatro de suas cinco lutas definidas no 'golden score'], mas ainda bem que tudo deu certo", desabafou Silva, conhecido como "Baby", após a medalha.

Só sua primeira luta foi definida sem a prorrogação: vitória por ippon sobre Thormodor Jonsson, da Islândia.

Na segunda rodada, bateu o lituano Marius Paskevicius; nas quartas de final, caiu frente ao russo Alexander Mikhaylin; na repescagem, superou o húngaro Barna Bor e, na disputa do bronze, venceu o coreano Kim Sung-min.

"Ele [Rafael] mereceu, lutou mais do que todo mundo [em quantidade de tempo]. Foi um guerreiro", festejou Ney Wilson, o chefe da delegação do judô em Londres.

Supervisor técnico da CBJ, Wilson tinha outro motivo para comemorar. Afinal, ele tinha desenhado a meta de medalhas para esta Olimpíada.

"Ele contribuiu com a equipe para chegarmos à meta. Sei que haveria críticas [se não atingíssemos a meta] e estava preparado para elas."

O dirigente apontou que a Olimpíada de Londres foi marcada pelas surpresas, com favoritos caindo e zebras ocupando os holofotes.

"Poderíamos até ter ido melhor. Isso é Olimpíada, é o atleta que se supera e chega. A Gemma Gibbons [prata na categoria até 78 kg] nem estava ranqueada", disse.

Wilson confirmou que projetará outra meta de medalhas para os Jogos do Rio-16.

"Claro, claro que vamos [traçar nova meta de medalhas]. Sempre é importante, é um desafio para a gente", afirmou o dirigente da CBJ, uma das raras entidades do esporte nacional a definir objetivo para os Jogos ao estabelecer até cor de medalhas.

No calor do momento, Wilson afirmou que pretende que a seleção nacional atinja o topo da classificação do judô na Olimpíada de 2016.

Já Silva também mencionou uma perspectiva ampla ao falar de seu feito. "Fiz história, sou o primeiro brasileiro a ganhar medalha olímpica na categoria dos pesados."

Espera que seu sucesso inspire outros atletas a competir na categoria máxima. "Frequentemente tenho de viajar para outros países, onde o povo é maior [fisicamente], para treinar com seus pesados. Espero arregimentar alguns no Brasil agora", contou o lutador. Mais pesado esportista da delegação brasileira em Londres, ontem ele cravou 168 kg na balança.

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