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E o vento levou

Maior esperança brasileira de pódio no atletismo, Fabiana Murer é eliminada no salto com vara, lamenta condições climáticas e admite culpa

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Campeã mundial do salto com vara e há quatro anos treinando pelo sonho olímpico, Fabiana Murer desistiu de sua última chance de ir à final de Londres-2012 por causa do vento forte. Antes disso, errara três dos seus quatro saltos nos Jogos.

Resultado: a maior candidata a pódio do atletismo nacional foi eliminada na fase classificatória da Olimpíada.

"Estou chateada. Sei que tinha condições de chegar à final. Não adiantar falar. Esporte é assim", descreveu ela, que ficou com os olhos marejados. "Estou anestesiada."

Seu desempenho foi pior do que o décimo lugar em Pequim, quatro anos atrás. Desta vez, Murer acabou apenas na 14ª colocação.

Outra diferença foi a explicação da derrota. Na China, foi o sumiço de uma vara. Na Grã-Bretanha, o vento forte.

De fato, havia condições climáticas desfavoráveis ontem no Estádio Olímpico.

O vento mudou o tempo inteiro de direção. Nas eliminatórias dos 100 m, o marcador do Estádio Olímpico registrou ventos de -1,4 m/s a até +2 m/s. Essas provas ocorreram no final das eliminatórias do salto com vara, quando Murer entrou na competição.

O vento, no entanto, era para todas as saltadoras.

Em seu primeiro salto, Murer não superou a marca de 4,50 m, mais de 30 cm abaixo de seu melhor salto.

Campeã olímpica, Ielena Isinbaieva passou com facilidade desta altura, assim como outras atletas.

A brasileira só superou este patamar com esforço e toque no sarrafo. Depois, derrubou-o duas vezes com a marca em 4,55 m. Seu semblante estava tenso. Até tirou o óculos escuros.

Tinha uma última chance. Correu e desistiu. Correu outra vez e, de novo, parou. Preferiu não tentar mais.

"Tinha 1 minuto para saltar [regra da competição]. Corri e senti um vento forte. Tentei de novo e continuava forte. Percebi que não conseguiria. Era até perigoso me machucar", afirmou.

O vento transforma a vara, que tem cerca de quatro metros, em "uma vela de barco", como já explicou Isinbaieva em determinada ocasião. Ontem, a russa classificou o tempo como "horroroso".

A inglesa Holly Bleasdale também reclamou da chuva. Mas ambas superaram os 4,55 m com facilidade. Por isso, a brasileira também admitiu que a inconstância foi um problema em sua prova.

"Estava muito inconsistente. O vento estava difícil, mas eu não estava constante. Não consegui superar isso."

Murer chegou a dizer que estava preparada para saltar muito alto e que por causa disso era mais complicado ultrapassar alturas menores.

"Você perde a referência do sarrafo", analisou ela, que também disse ter tido problemas na flexibilidade de suas varas durante a prova.

Mas, apesar de todas as suas explicações, Murer admitiu que a culpa pelo fiasco na prova foi sua ao comparar a situação com Pequim-2008.

"É completamente diferente. Aqui foi culpa minha", reconheceu a atleta.

Agora, ela vai pensar o que fazer na carreira. Estuda parar por um ano para depois treinar para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

Até lá, resta saber qual será o novo episódio da novela olímpica de Murer.

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