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Edgard Alves

Amarga ilusão

O basquete feminino do Brasil perdeu seus quatro duelos. Perder é do jogo, mas o jogo não é só perder

É lamentável que a seleção brasileira feminina de basquete tenha sido eliminada do torneio olímpico antes mesmo de completar a primeira fase da competição.

Perdeu da França, perdeu da Rússia, perdeu da Austrália e perdeu do Canadá. Perder é do jogo, mas o jogo não é só perder.

Hoje, já como turista na Olimpíada, a seleção do Brasil enfrenta a anfitriã Grã-Bretanha, que também não venceu nenhuma adversária, mas isso era esperado.

Considerada "café com leite", como se diz para um concorrente sem experiência no ramo, que não deve ser levado a sério, entrou na disputa pela condição de país-sede. As brasileiras são franca favoritas. Um novo tropeço é tão improvável que, caso aconteça, o melhor seria o time ficar de vez na Europa ou voltar a nado como penitência.

Pelo menos restou a lição para balizar o projeto da preparação aos Jogos do Rio, em 2016. Para descartar os erros, é lógico, e colocar o time numa rota com planejamento de ponta. Quando o torneio feminino foi introduzido nos Jogos, em Montréal-1976, e nas três Olimpíadas seguintes, o Brasil ficou de fora. Entrou em Barcelona, em 1992, para terminar em sétimo. Embalado pelo ouro do Mundial-1994 na Austrália, com Paula, Hortência e Janeth a todo vapor, foi prata em Atlanta e bronze em Sydney-2000. Começou a queda em Atenas-2004, quarto. Despencou para 11º em Pequim há quatro anos, e repete o fracasso.

O time não viajou para a Inglaterra pressionado por medalha. Esperava-se por boas apresentações e que ultrapassasse a etapa preliminar. O técnico Luiz Tarallo, conduzido ao cargo sem cancha com equipes adultas em grandes eventos, lamentou a tabela de jogos, com os rivais fortes do grupo em sequência e o fraco por último.

É Olimpíada, o que ele queria? Precisava ter ganhado pelo menos de um forte, e o Canadá pode ser tirado do grupo dos fortões.

Será que foi correto, na véspera do torneio, o desligamento da ala-armadora Iziane, a mais experiente do time, porque dormiu com o namorado no hotel da delegação? A jogadora errou e, publicamente, pediu desculpa e uma nova chance, alertando que sua saída naquela altura prejudicava o time. Ela estava certa. Por isso, escrevi aqui que deveria ser perdoada. Hortência, que já foi chamada de "Rainha do Basquete", é diretora da CBB e tem autonomia total na seleção. A tal ponto, segundo Daniel Brito, enviado da Folha a Londres, que passa orientações individuais nos treinos. Um absurdo. Imagine o José Maria Marin, presidente da CBF e ex-jogador, e o diretor Andres Sanchez fazerem isso na seleção de futebol. O que diria o Mano Menezes ou o torcedor? Enfim, melhor é admitir o fracasso e buscar novos rumos.

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