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Planejado

Estratégia com série mais difícil faz Zanetti ganhar primeiro ouro da ginástica

Flavio Florido/UOL
Zanetti se exibe nas argolas em Londres
Zanetti se exibe nas argolas em Londres

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Antes de começar a final das argolas na Olimpíada, o ginasta Arthur Zanetti, 22, deixou o tablado e foi para a área de aquecimento. Só voltou quando seu maior rival, o chinês Chen Yibing, já havia se apresentado.

Ao ver a nota do adversário, teve certeza de que poderia conquistar o ouro e bater o então campeão olímpico. Sua confiança se baseava em uma estratégia armada por ele e sua equipe há um ano.

Um plano que resultou na primeira medalha de ouro da ginástica brasileira. Um plano que levou o país pela segunda vez ao lugar mais alto do pódio em Londres-2012.

"Vinha pensando algumas vezes nisso, seria a primeira medalha do Brasil na ginástica", contou o atleta.

Seu título olímpico começou a ser construído quando ele perdeu de Yibing no Mundial do ano passado. Então, o técnico do ginasta brasileiro, Marcos Goto, dificultou sua série nas argolas.

A pontuação na ginástica tem duas partes: uma avalia a dificuldade dos movimentos (nota de partida), e a outra, a perfeição na realização deles (nota de execução).

Zanetti era superior ao chinês na execução dos seus exercícios, mas seus movimentos eram mais fáceis.

Há três meses, após treinos, o brasileiro passou a executar o elemento chamado maltesa com prancha.

Foi o que se repetiu em Londres. Em posição horizontal, acima das argolas, ele desceu mantendo-se paralelo ao chão. Fez uma espécie de flexão no ar e voltou ao nível das argolas, onde parou.

É um elemento de dificuldade máxima. Foi executado ontem por Zanetti quase sem tremer pés e músculos.

A esse movimento o brasileiro acrescentou o Nakayama: de uma posição horizontal ao chão passa para um crucifixo na argola.

Esse último elemento foi excluído da série de Zanetti na fase de classificação em Londres como parte da estratégia de sua equipe. Seu objetivo era tirar uma nota mais baixa e deixar o chinês competir primeiro na final. O brasileiro ficaria por último.

"Aqui não tem cachorro morto", explicou Goto, sobre a esperteza contra o chinês.

Primeiro a se apresentar na prova, Chen Yibing obteve uma pontuação de 15,800. A sua nota de partida foi 6,8.

Com os dois movimentos mais difíceis, o brasileiro tinha nota de partida igual à do chinês. O ouro seria decidido na execução.

Zanetti até demonstrava certo nervosismo: não parava de bater as pernas antes de competir. Mas o trabalho de um psicólogo e as estratégias de seu técnico o tranquilizaram. "Aprendi no Mundial a me acalmar."

Mais forte e mais baixo do que o chinês, Zanetti, que tem 1,56 m, tremeu menos nos movimentos de sua série de pouco mais de um minuto. Sua única falha foi um pequeno passo ao descer no chão.

"Naquele momento, senti que teria uma medalha. Mas queria o ouro", disse.

Sua nota saiu: 15,900. O bronze ficou com o italiano Matteo Morandi: 15,733.

Zanetti festejou discreto até quando ouviu o hino nacional no pódio. Seu controle emocional destoa de reações de outros atletas brasileiros nos Jogos. Seu ouro também destoa na delegação, agora, com dois títulos.

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