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Edgard Alves

Argolas de ouro

A medalha de Zanetti não é milagre, é fruto de trabalho imenso, aprimorado há algum tempo

A conquista da inédita medalha de ouro pelo Brasil na ginástica é uma façanha numa especialidade -a argola- que rivaliza com o cavalo com alça como a de maior dificuldade na modalidade. Mais surpreendente ainda, com um atleta, Arthur Zanetti, que nunca competira em Olimpíada. Não é um milagre, e sim fruto de um trabalho intenso, aprimorado há algum tempo.

No Mundial-11, Zanetti foi prata, atrás apenas do chinês Chen Yibing, agora prata, que despontava novamente como favorito.

A atração da ginástica do Brasil sempre foi a equipe feminina, principalmente com Daiane dos Santos, Daniele Hypólito e Jade Barbosa. Na atualidade, no entanto, o time luta com crises e vaidades, e renovar parece a única via de escape.

Nos últimos tempos, Diego Hypólito parecia pronto para abalar o reinado das meninas, mas apenas raspou. Sofreu quedas que provocaram desgaste e funcionaram como uma espécie de camuflagem, escondendo o alto nível técnico que o jovem conseguiu alcançar.

Já Arthur Zanetti, o campeão de Londres, trocou o solo pela argola e vem numa escalada, usando as competições internacionais para aprimoramento técnico e físico. Ouvi isso de gente que acompanha a modalidade. E também tem um diferencial, que mostrou na arena North Greenwich e que o coloca no patamar dos astros da modalidade: é perfeito nas paradas, quando fica com o corpo na horizontal e com os braços esticados, não deixando as argolas se mexerem.

Nas eliminatórias, Zanetti e seu treinador, que sabiam das chances de pódio mais do que ninguém, esconderam o jogo até dos favoritos. Os movimentos que vinha treinando desde março, deixou apenas para a decisão. Ou seja, soube esperar o momento certo para mostrar tudo o que sabe, sem perder o controle da classificação.

Outra virtude que Zanetti mostrou no seu desempenho foi o controle emocional. Também havia treinado para isso. Sua apresentação foi, disparada, a mais aplaudida, mas ele não ouviu nada. Estava totalmente concentrado na prova.

Zanetti vira a atração, mas o time nacional tem base. Conta com a experiência de Diego Hypólito e de outro ginasta em ascensão, Sergio Sasaki, décimo colocado na disputa do individual geral em Londres. Há ainda duas promessas, Petrix Barbosa e Francisco Barreto.

Até agora, pouco ou quase nada se falava da equipe masculina de ginástica. Isso vai mudar. A principal expectativa do campeão é que a modalidade deixe de ser vista como um esporte de menina. Não que exista preconceito. É que o sucesso da equipe feminina marcou a última década, ofuscando o masculino, que já desponta como a esperança para os Jogos do Rio, em 2016.

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