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Com 2 atletas na semi, país encerra jejum de 44 anos

BOXE
Adriana Araújo e Esquiva Falcão já têm, ao menos, o bronze

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Ela derrubou ontem um tabu que vinha desde 1968, quando Servílio de Oliveira conquistou a única medalha do boxe olímpico do Brasil.

A baiana Adriana Araújo bateu Mahjouba Oubtil, do Marrocos, por pontos, para garantir ao menos o bronze ao ir à semifinal do torneio feminino, competição que fez a sua estreia nesta edição.

É a centésima medalha do Brasil em Jogos Olímpicos.

Se ainda havia o argumento de que o feito de Servílio não havia sido igualado, por ter sido no masculino, Esquiva Falcão pôs essa teoria por terra algumas horas depois.

Foi quando o filho do veterano lutador Touro Moreno, ídolo no Espírito Santo, dominou o húngaro Zoltan Harcsa, o venceu por pontos e, como Adriana, se garantiu na semifinal da competição.

"Hoje [ontem] foi um dia histórico. A Adriana Araújo fez história no feminino, e eu quebrei um tabu que já durava 44 anos", disse Esquiva, que ganhou do pai o nome do movimento defensivo do boxe porque os técnicos não podem dar instruções durante os combates para os pupilos.

"Então ele me deu o nome de Esquiva. Assim, nenhum árbitro poderia reclamar quando gritasse, 'esquiva, esquiva', já que é meu nome."

Esquiva pega na semifinal o dono da casa, o inglês Anthony Ogogo, que contou com maciço apoio dos seus compatriotas em sua luta.

"Ele é brigador, raçudo, um estilo que chama a torcida. Esse é um fator que pode influenciar os jurados, com os gritos a qualquer golpe que acertar minha luva."

Semblante sério, Adriana, a boxeadora de 31 anos que chegou ao boxe por acaso -seu primeiro esporte era o futebol e depois foi para os ringues pelo condicionamento físico-, está focada na final. "Não peguei essa medalha ainda. Pode vir uma prata, um ouro", completou a baiana, que terminou o último Mundial na quinta posição.

Sua próxima rival, a russa Sofya Ochigava, vice-campeã do mundo, foi justamente quem a tirou do Mundial.

Uma das pioneiras do boxe no país, com uma carreira de 12 anos, Adriana é "cria" da academia de Luis Carlos Dórea, de onde saíram Acelino Freitas, o Popó, o campeão mundial amador Everton Lopes, e também o campeão pesado do UFC, Junior Cigano.

Um dos ídolos de Adriana, ao lado do demolidor Mike Tyson, é Kelson Pinto, um outro ex-pugilista de Dórea.

Todas as atletas -inclusive Adriana- lutaram dois dias seguidos, forma que a Associação Internacional de Boxe Amador acomodou as mulheres nos Jogos.

"Tenho um dia para descansar e manter o peso, já que tive de perder 1,5 quilo."

"Acho que essa medalha vai fazer com que as pessoas vejam o boxe feminino de outro jeito. Será mais assistido, será mais reconhecido", diz.

"Há uns seis anos, quando dizia que lutava boxe, as pessoas estranhavam", lembra.

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