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Em partida épica, Brasil enterra o fantasma russo e vai à semifinal

VÔLEI
Contestada, equipe vence no tie-break e agora pega o Japão para tentar bicampeonato

Kirill Kudryavtsev/France Presse
A líbero Fabi festeja vitória contra a Rússia e vaga nas semifinais da Olimpíada
A líbero Fabi festeja vitória contra a Rússia e vaga nas semifinais da Olimpíada

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Não valia medalha, mas foi celebrado como se valesse.

O técnico José Roberto Guimarães deu quatro peixinhos na quadra depois que Fabiana, enfim, fez o ponto final da vitória sobre a Rússia, após um longo tie-break.

"Eu tinha que correr, eu tinha que fazer alguma coisa porque estava muito difícil a nossa situação", afirmou Zé Roberto, que chegou a quebrar seu relógio de estimação em um dos peixinhos.

Era o fim de uma vitória épica por 3 sets a 2 (24/26, 25/22, 19/25, 25/22 e 21/19), conquistada após o Brasil salvar seis match points.

Um triunfo que reuniu quase todos os ingredientes de um momento olímpico memorável -um palco ilustre, uma vilã de longa data, uma protagonista inesperada, uma história de superação e uma comemoração catártica.

O ginásio de Earls Court, única sede da atual Olimpíada remanescente dos Jogos de 1948, ouviu ecoar de suas arquibancadas na tarde de ontem o grito: "O campeão voltou". Era a reverência feita pela torcida brasileira às suas meninas de ouro.

Meninas que, durante a primeira fase do torneio, representaram só um esboço apagado do time campeão olímpico em Pequim. Mas que ontem, enfim, fizeram valer novamente o título.

A vitória teve sabor de vingança. Do outro lado da quadra estava a Rússia, que bateu o Brasil na semifinal em Atenas-2004 e nas finais dos Mundiais de 2006 e 2010.

Russas que tinham Gamova, gigante de 2,02 m que se tornou, nesta década, sucessora da cubana Mireya Luis nos pesadelos brasileiros.

"Elas tinham a Gamova, mas a gente tinha nossa Gamovinha", disse a líbero Fabi, referindo-se à inesperada estrela do espetáculo.

A russa terminou o jogo com 25 pontos, dois a menos que a oposto Sheilla, protagonista do triunfo brasileiro.

No começo dos Jogos, Sheilla havia acumulado atuações apagadas. Pontuava muito, mas sua eficiência beirava 25% de aproveitamento.

Ontem, brilhou mais do que todas. Sua atuação, porém, será lembrada menos pela profusão de pontos do que pela frieza com que pôs as bolas no chão no momento mais crucial do duelo.

Das seis vezes em que a Rússia esteve prestes a vencer o duelo, em cinco Sheilla chamou a responsabilidade.

"A gente não deixou de acreditar na vitória no tie-break em nenhum momento", completou a capitã Fabiana.

Com a atuação de gala, o Brasil se sente mais fortalecido do que nunca para avançar na competição.

"Ficamos prestes a sermos eliminadas [na primeira fase], mas estamos nos superando a cada jogo. Mesmo tendo passado por isso tudo, sabemos que ainda não acabou. Ainda tem dois jogos", disse Paula Pequeno.

O adversário da semifinal será o Japão, time que também enfrentou uma batalha ontem, ao vencer a China.

Ao ser indagado sobre o futuro rival por um repórter japonês, Zé Roberto cansado só disse: "Não pensei ainda. Deixa eu comemorar um pouco."

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