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Revanche

Yamaguchi Falcão vence cubano que já o derrotara no Pan-11 e cumpre promessa de voltar de Londres com uma medalha

Darron Cummings/Associated Press
Deitado no ringue, Yamaguchi Falcão festeja vaga nas semifinais
Deitado no ringue, Yamaguchi Falcão festeja vaga nas semifinais

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Atleta do ano em Cuba e favorito ao ouro na categoria dos meio-pesados, Julio La Cruz Peraza batia palmas tímidas. Não para si próprio, em comemoração, mas para Yamaguchi Falcão, 24, responsável por uma das grandes zebras da Olimpíada de Londres.

O brasileiro acabara de bater o atual campeão mundial na categoria até 81 kg por 18 pontos a 15, assegurando ao menos a medalha de bronze e a vaga nas semifinais da categoria.

"A família Falcão é foda", gritou, em referência ao irmão dois anos mais novo, Esquiva, que havia se classificado à semifinal dos médios, e ao pai, o lutador de vale-tudo Touro Moreno.

Esquiva disputa amanhã sua semifinal, contra o inglês Anthony Ogogo.

"Estou louco para ver meu irmão", disse Yamaguchi -nome dado a ele pelo pai, em homenagem a um vizinho assassinado-, muito emocionado.

A dupla tem a oportunidade de repetir o feito dos irmãos Michael e Leon Spinks, campeões, coincidentemente, entre os médios e meio-pesados em Montréal, em 1976.

"Estou com vontade de chegar ao quarto e dar um grito para tirar essa coisa que estava engasgada desde [o Pan de] Guadalajara", festejou. Ele se refere à eliminação do torneio no México, em 2011, justamente para o rival cubano.

"Quando saiu o sorteio e eu soube que ia pegar o cubano, nem pensava nos outros adversários. Me preparei bastante para ele", contou Yama, como a torcida brasileira presente à arena ExCel o chama durante os combates.

O cubano, consenso como o homem a ser batido em Londres, era a grande aposta da ilha para a quebra de um tabu: o país jamais produziu um campeão olímpico no peso.

Em 2011, Peraza foi campeão do Mundial amador no Azerbaijão e eleito o atleta do ano em Cuba.

"Quando Deus não quer que a folha da árvore caia, ele não deixa. Hoje era o dia do Falcão", celebrou Yamaguchi, enquanto fazia um "T" com seus braços, em homenagem ao pai.

Pesava contra o brasileiro o fato de que ele nem chegou ao limite dos meio-pesados. Ou seja, é "menor" que todos os adversários que venceu até agora -estes fazem regime para atingir o peso de 81 kg.

Ele reconheceu sentir mais os socos dos pugilistas "grandões". "Mas compensei com minha velocidade", argumentou.

Yamaguchi saiu da luta contra Peraza com um corte abaixo do olho esquerdo, mas com seu objetivo conquistado: "Fiz uma promessa de que vinha com a mala vazia e queria completar com a medalha".

Foi o seu quarto combate com o cubano. Agora, cada um tem duas vitórias.

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