Adriana, bronze, bate boca com cartola

	Murad Sezer/Reuters
	Adriana Araújo é consolada por seu técnico após derrota

A baiana Adriana Araújo, eliminada ontem do torneio feminino da Olimpíada após conquistar o bronze, disparou contra o presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro Silva. O dirigente respondeu ao ataque.

"Essa medalha foi para calar a boca do presidente, que falou que eu não tinha capacidade para me classificar para os Jogos", afirmou Adriana, após perder a semifinal para a russa Sofya Ochigava.

"Ainda bem que não dei bola para ele. Sei da minha história de 12 anos dentro do boxe", disse ela, que conquistou a centésima medalha do Brasil na história dos Jogos e a primeira no boxe desde Servílio de Oliveira, em 1968.

Segundo a pugilista, Silva chegou a tirá-la da seleção.

O cartola se defende das acusações e acrescenta que suas declarações estão contaminadas por questão política. "Ela veio [à Olimpíada], ganhou [medalha], parabéns a ela", respondeu Silva.

"Só que, por trás do que ela falou, tem uma questão política. Quem mandou ela falar isso foi o [baiano Luiz Carlos] Dórea [técnico de Adriana]."

"Tenho 30 anos, sou uma mulher de opinião. Ninguém me mandou falar nada, apesar de eu só ter a agradecer ao Dórea", refutou Adriana ao tomar conhecimento das declarações do dirigente.

Quem também ficou irritado com os comentários de Silva foi Dórea, que tem cinco pupilos entre os dez integrantes da seleção olímpica.

"Estou nesse negócio [boxe] há 32 anos. Eu é que não me submeteria a um presidente como esse, que caiu de paraquedas", retrucou o técnico, sobre a acusação de que a declaração de Adriana seria uma forma de abrir caminho para sua volta à seleção.

Adriana também afirmou ter sido humilhada pelo dirigente da confederação.

"Não é verdade. Sou seu maior incentivador, e ela sabe disso. Ela reclama que teve de ir treinar em São Paulo, mas só por isso ganhou essa medalha. Ela mesma admitiu isso para mim", afirmou Silva. "Mas ela não vira mais [para 2016]", alfinetou. (EO)