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Edgard Alves

Tudo pode mudar

O basquete não depende só de boa defesa, lances livres certeiros ou cestas de três, precisa de planejamento

O quinto lugar do time masculino de basquete em Londres, levando-se em conta que estava fora da Olimpíada havia 12 anos, ou melhor, três edições, recoloca o Brasil em posição de destaque no cenário internacional da modalidade.

Não foi ao pódio como seria o ideal, mas mostrou virtudes que o levaram a jogar de igual para igual com todos os adversários. E, quando teve a oportunidade de buscar um caminho mais brando rumo ao pódio -caso perdesse para a Espanha, ficaria em chave com mais chances-, não vacilou, optou pelo jogo limpo, refutando a falha no regulamento.

O desempenho em quadra mostrou um conjunto determinado, focado na busca da vitória, com virtudes e defeitos, erros e acertos, que não fugiram ao padrão dos concorrentes. Um pouco mais de tempo de treinamento teria ajudado. Mas alguns jogadores atuam em campeonatos que impedem a disponibilidade para a seleção.

Uma questão muito debatida foi a contratação do técnico Rubén Magnano, campeão olímpico com a seleção do seu país, a Argentina, em Atenas-04. Trata-se de um profissional de alto nível, mas não é mágico. Teve nas mãos o que há de melhor em material humano no Brasil, oportunidade de que seus antecessores não desfrutaram. Com muitos acertos e também alguns desacertos, realizou seu trabalho. Talvez a principal virtude tenha sido a liderança sobre o grupo, inclusive, sua contratação pode ter despertado o interesse dos atletas pela seleção, confirmando a velha máxima de que santo da casa não faz milagre.

Magnano renovou contrato com a CBB, parte para o novo ciclo olímpico e pode implantar um padrão de jogo com as peças adequadas. E pode esperar por surpresas no movimento do processo de renovação, que deve ser ameno até 2016.

É conveniente deixar claro, porém, que a CBB terá de limpar seu caminho para desenvolver o trabalho com firmeza. Digo isso em função da situação financeira da entidade, que, como já foi mostrado neste espaço, é bastante delicada. Ano passado, o faturamento foi de R$ 25 milhões, 17 deles de verbas públicas. Analisando o balanço da entidade, um especialista concluiu que, se a CBB fosse uma empresa privada, estaria em situação falimentar. Órgãos competentes do governo devem cumprir seu papel e fazer uma auditoria dos gastos, independente se na parte esportiva a gestão esteja ou não num bom caminho.

Por isso, a fonte corre risco de secar. Com despesas administrativas a entidade gastou R$ 11,5 milhões, quase R$ 1 milhão ao mês. Como fica claro, o basquete não depende só de boa defesa, lances livres certeiros ou cestas de três, precisa de planejamento adequado, investir com precisão e não desperdiçar.

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