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Xico Sá

Em busca do tesouro

Assim como a Série C do Brasileiro, Brasil x México merece a vinheta "onde os fracos não têm vez"

Amigo torcedor, amigo secador, os nossos meninos terão que ser muito machos amanhã para vingar a triste e histórica sina de perdedores olímpicos no mais importante esporte brasileiro, o que mais nos interessa, o que arranca lágrimas do mais bruto dos pistoleiros do vale do rio Doce -lá onde Minas vira Texas e velho Oeste.

Creio que chegou a hora de arrancar, no dente, como no faroeste "O Tesouro da Sierra Madre", o ouro que nos falta. O citado tesouro estava localizado justamente no México, nosso adversário. Sinto muito, cabron, esta medalha és nuestra.

Este filme de John Huston (1948) é uma lição para todos, independentemente das pelejas futebolísticas que exalam suor e testosterona. É uma história sobre o luxo da coragem e a respeito da nada olímpica capacidade humana de ser mesquinho, avaro, pequeno, desprezível.

Tudo está nos faroestes, caro Mano Menezes. Assim deves ter vencido, com o Grêmio, a inesquecível Batalha dos Aflitos, contra o Náutico. A batalha de Wembley creio ser até mais fácil, mesmo com o peso da virgindade dourada em Olimpíada.

Não falo de fitas óbvias, embora boas, como "Em Busca do Ouro" ou "Matar ou Morrer". O que interessa, na véspera do embate, são películas como "Da Terra Nascem os Homens", um faroeste que vale por todas prateleiras de autoajuda fajuta e outras motivações de quinta.

Assim como a Série C do Brasileiro, que neste final de semana tem o maior clássico do sertão, com Salgueiro x Icasa, Brasil x México será mais um jogo que merece a vinheta "onde os fracos não têm vez".

Que me perdoe quem curte badminton -sou da turma da peteca mesmo!- ou quem acredita que, doravante, seremos a pátria em argolas. Nada me importa mais do que o futebol. Vá lá, curto também o Bolt, movido a macaxeira jamaicana, segundo revelou sua mãe. Está aí o segredo do cardápio do figura. Sim, por causa da menina romena Nadia Elena Comaneci, sempre acompanho a ginástica artística. Como fui apaixonado por essa moça no final dos anos 70. Amor para sempre, e coleciono fotos antigas.

É hora do ouro, meninos. Em nome de vocês abro mão das minhas mandingas, da torcida contra a CBF e as suas mamatas e mutretas. Nesta hora fatal, tranco o corvo Edgar, o agourento que seca até minuto de silêncio em final de Copa.

Sem essa de motivações piegas e psicologia de terceira. Na preleção, caro Mano Menezes, faz favor, um filme de macho: "Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia"(1974), de Sam Peckinpah, esse gênio da morte em câmera lenta. Óbvio, também é uma história mexicana.

Tragam-me o ouro, rapazes. E fechem as últimas tabernas londrinas, com belas moças e muita sacanagem. O tio vai ficar feliz.

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