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Sem tradição no Brasil, prova final dá pódio a Yane

PENTATLO Pernambucana ganha bronze no último evento dos Jogos

LEANDRO COLON
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Yane Marques avisou antes de competir: "subir ao pódio não será surpresa". Ontem, depois de dar 15 tiros e correr 3.000 m, cruzou a linha de chegada, caiu no chão e desabafou: "consegui".

Aos 28 anos, nascida em Afogados da Ingazeira, no sertão pernambucano, ela agora é medalhista olímpica.

Yane faturou o bronze, a primeira medalha brasileira no pentatlo moderno, que completou cem anos em Olimpíadas. Foi o 17º pódio do país em Londres-2012, justo na última prova dos Jogos.

Para tanto, a pernambucana praticou a melhor esgrima de sua vida, fez sua melhor marca nadando, superou-se no hipismo com um cavalo de idade avançada, e soube controlar seu ponto fraco: a chamada prova "combinada", que reúne corrida e tiro.

Sargento do Exército, Yane chegou credenciada a levar uma medalha pela terceira posição no ranking mundial.

A brasileira começou bem a competição, com bons resultados em esgrima, natação e no hipismo, sua prova predileta. Ficou entre as duas primeiras na classificação.

Chegou no "combinado" (tiro e corrida) dividindo a liderança com a lituana Laura Asadauskaite, que acabou ficando com a láurea dourada.

O desafio, porém, se tornou muito maior porque pouco antes da prova final o treinador dela, Alexandre França, avaliou que a busca seria mesmo pelo terceiro posto.

A brasileira dificilmente teria condições de conseguir outra medalha porque tem a corrida como ponto fraco.

A estratégia foi segurar as duas primeiras voltas de 1.000 m e deixar todo o gás para a corrida final. "Ela sabia que a última volta seria correr para a vida", disse o treinador Alexandre França.

Major do Exército, foi ele quem convenceu Yane a largar a natação em 2003 e se dedicar ao pentatlo moderno.

E Yane fez a "corrida da vida". Perdeu a segunda colocação para a britânica Samantha Murray, como esperava, mas assegurou o bronze. Encerrada a prova, correu para a arquibancada da arena do Greenwich Park em busca da mãe, Maria Gorreti.

Num tom de discurso militar, Yane repetiu ontem que estava confiante para subir no pódio da última prova da Olimpíada de Londres. "Eu estava pronta. É o resultado de um trabalho muito bem feito", disse a brasileira.

Para quem nunca tinha ouvido falar em pentatlo moderno no Brasil, Yane Marques, a dona da derradeira medalha nacional em 2012, deixou um recado: "Espero que essa vitória seja um divisor de águas no esporte e que desperte atenção das pessoas".

No pentatlo, os cavalos usados na prova de saltos do hipismo são sorteados.

Yane reclamou ter recebido um com 16 anos, idade avançada para os padrões da prova, e ainda por cima com um problema no olho.

Presente na entrevista coletiva das vencedoras, Joel Bouzou, secretário-geral da União de Pentatlo Moderno, desconversou e disse que desconhecia o episódio.

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