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Viagens longas aumentam risco de doenças a atletas

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Viajar mais que cinco fusos horários aumenta de duas a três vezes a chance de atletas ficarem doentes, com prováveis resultados ruins na competição fora de casa.

A pesquisa que demonstrou o efeito foi feita com times de rúgbi, mas os resultados podem valer tanto para os atletas olímpicos que viajaram muito para chegar a Londres como para o Corinthians, quando for ao Japão.

Mesma situação enfrentará o atacante Neymar.

Hoje, ele volta de Estocolmo, exatas cinco horas à frente do Brasil, onde ontem disputou amistoso contra a Suécia pela seleção. À noite, vai a campo para defender o Santos em jogo contra o Figueirense, em Santa Catarina.

O estudo foi publicado agora na revista médica britânica "British Journal of Sports Medicine" por pesquisadores da África do Sul e da Nova Zelândia, coordenados por Martin Schwellnus, da Universidade da Cidade do Cabo.

Os resultados apresentados mostraram que não foi a viagem aérea a causa da maior incidência de doenças, pois os problemas voltavam a diminuir depois da viagem de volta. Uma hipótese, descartada, é de que os problemas viriam do ar ou da comida servida à bordo.

Ou seja, é possível que as doenças extras tenham sido causadas por fatores como poluição do ar, temperatura, altitude, umidade, comida e micróbios diferentes no lugar de destino. Os profissionais de saúde das equipes atléticas devem, portanto, levar em conta todos esses fatores para evitar doenças.

O estudo foi feito em 2010 na competição chamada Super 14, que envolve 14 times de rúgbi de África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. O campeonato ocorre de fevereiro a maio e envolve múltiplas viagens entre os três países, com variação de dois até 11 fusos horários.

Os pesquisadores analisaram a ficha médica de 259 jogadores de oito dos times participantes: 187 deles (72%) tiveram alguma doença no período. No total, foram 469 casos de doenças (ou seja, houve caso de atleta que ficou doente mais de uma vez).

Os principais casos de doença foram as respiratórias (30,9%), do aparelho digestivo (27,5%) e da pele ou tecido subcutâneo (22,5%). As infecções foram responsáveis pela maioria dos casos.

Este foi o maior estudo feito até agora sobre o risco de saúde para atletas em viagens internacionais. Justamente por ser um trabalho pioneiro, ele não dá respostas completas sobre os problemas desse tipo de viagem.

A área de "medicina da viagem" ainda é um campo pouco estudado, e Schwellnus e seus colaboradores admitem que os resultados podem não necessariamente valer para competições menos longas, ou para turistas comuns, ou em caso de viagem norte-sul em vez de leste-oeste.

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